O chanceler Mauro Vieira confirmou nesta terça-feira (23), em Nova York, que o primeiro encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve ocorrer de forma remota, por telefone ou videoconferência. A informação foi publicada pelo O Globo e reiterada pelo ministro em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional.
Breve encontro na ONU
Segundo Vieira, a ideia de uma reunião partiu de Lula após um rápido cumprimento nos bastidores da Assembleia Geral da ONU. O aperto de mãos entre os dois, que durou cerca de 20 segundos, marcou o primeiro contato direto entre eles.
Trump relatou em seu discurso na ONU que teve “excelente química” com Lula. O presidente brasileiro teria sugerido um diálogo mais longo:
“O presidente Lula disse que eles deveriam se encontrar e conversar. Isso pode acontecer também por um telefonema ou videoconferência”, afirmou Mauro Vieira.
Comércio e soberania em debate
O chanceler destacou que o Brasil está disposto a negociar questões comerciais, principalmente as tarifas impostas por Washington, mas deixou claro que existem limites inegociáveis:
“Estamos prontos para negociar a questão das tarifas. Embora elas sejam ilegais, não estejam na estrutura dos acordos da OMC, estamos prontos para discuti-las. A única coisa que não podemos discutir é a soberania, a separação entre Poderes.”
Vieira frisou que o Brasil é um “país de negociação” e que a diplomacia nacional busca o diálogo, desde que respeitados a Constituição e a independência entre os poderes.Significado político
Mesmo que ocorra de forma virtual, a reunião pode representar um gesto de distensão entre os dois governos, abrindo espaço para reduzir atritos no comércio bilateral. Também pode sinalizar uma tentativa de construir uma agenda de cooperação econômica, após semanas de tensão causadas pelas tarifas de 50% impostas por Trump às exportações brasileiras.
O movimento ganha relevância por acontecer logo após a Assembleia da ONU, em um contexto de embates políticos e comerciais que projetaram Lula como defensor da soberania nacional.