Reunião de alto nível da ONU enfatiza cooperação internacional e políticas para fortalecer comércio, tecnologia e transição verde globalmente
Em Nova York, a sede da Organização das Nações Unidas (ONU) foi palco de uma reunião de alto nível que reforçou o compromisso internacional com o desenvolvimento compartilhado. Líderes mundiais e tomadores de decisão se reuniram para discutir formas de promover consenso global, maior cooperação e sinergia em torno de políticas de desenvolvimento sustentável.
Durante o encontro, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, destacou os desafios crescentes que ameaçam a cooperação internacional, incluindo o unilateralismo, o protecionismo e a desaceleração de alguns motores do crescimento econômico global. Segundo ele, enfrentar esses problemas exige dedicação total ao desenvolvimento e um esforço conjunto entre os países para “aumentar o bolo” da prosperidade global.
“Para resolver os muitos problemas que enfrentamos agora, precisamos permanecer comprometidos com o desenvolvimento, dedicar todos os nossos esforços a ele e trabalhar juntos para aumentar o bolo”, disse Li em seu discurso.
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Quatro frentes para fortalecer o desenvolvimento
Como parte de sua proposta para acelerar a Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, Li apresentou uma abordagem em quatro frentes, com ações concretas e proativas para fortalecer a cooperação internacional, apoiar a transição verde e promover a cooperação tecnológica entre os países.
Um ponto central do debate foi o comércio internacional, considerado um motor crucial para o desenvolvimento compartilhado. Li ressaltou que, atualmente, os países em desenvolvimento não recebem apoio suficiente para se integrarem plenamente ao sistema de comércio global.
Para enfrentar essa lacuna, o primeiro-ministro chinês anunciou que a China continuará a fornecer fundos à Organização Mundial do Comércio (OMC), com o objetivo de ajudar os países menos desenvolvidos a se inserirem de forma mais efetiva no mercado global.
Além disso, Li afirmou que a China não buscará novos tratamentos especiais e diferenciados para países em desenvolvimento nas negociações atuais e futuras da OMC, um passo que especialistas veem como um incentivo à reforma da organização e à promoção de um comércio mais equilibrado e eficiente.
A diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, comentou nas redes sociais: “Este é o culminar de muitos anos de trabalho duro e quero aplaudir a liderança da China nesta questão!”
Cooperação bilateral e livre comércio
O anúncio de Li também foi destaque em reuniões bilaterais com o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, e o chanceler austríaco, Christian Stocker. Em ambos os encontros, ele enfatizou a importância do livre comércio, da reforma da OMC e da construção de uma economia mundial aberta, reforçando o compromisso da China em apoiar políticas globais que favoreçam o crescimento sustentável e inclusivo.
Li Qiang participa da 80ª sessão da Assembleia Geral da ONU, que ocorre de 22 a 26 de setembro, aproveitando o espaço para apresentar a Iniciativa de Desenvolvimento Global (GDI), lançada pelo presidente chinês Xi Jinping em 2021. Segundo o primeiro-ministro, a GDI se consolidou como um bem público global amplamente aceito, promovendo cooperação e desenvolvimento internacional de forma sustentável.
A iniciativa, destacou Li, busca “proporcionar oportunidades iguais de crescimento, facilitar a transição para uma economia verde e tecnológica, e fortalecer a integração dos países em desenvolvimento no comércio global”.
A reunião reforça a importância de uma abordagem coletiva e coordenada para enfrentar desafios econômicos, sociais e ambientais, e mostra que, mesmo diante de tensões globais e incertezas econômicas, o desenvolvimento compartilhado continua sendo uma prioridade para os líderes mundiais.
GDI mobiliza bilhões e projeta novos investimentos para o Sul Global
Durante a reunião de alto nível na sede da ONU, o primeiro-ministro chinês Li Qiang destacou que a Iniciativa de Desenvolvimento Global (GDI) já conta com a participação de mais de 130 países e organizações internacionais, mobilizando mais de 23 bilhões de dólares ao longo dos últimos quatro anos para apoiar o desenvolvimento e o fortalecimento do Sul Global.
Li ressaltou que o GDI não se limita a aportes financeiros: a iniciativa busca criar projetos concretos e sustentáveis que gerem impacto real na vida das populações em desenvolvimento. Nos próximos cinco anos, segundo o primeiro-ministro, a China pretende implementar 2.000 novos projetos de subsistência “pequenos e bonitos” em países em desenvolvimento, ampliando ainda mais a presença e a influência positiva da iniciativa.
Outra ação anunciada por Li foi a criação da Iniciativa de Cooperação Internacional AI+, voltada a integrar a inteligência artificial ao desenvolvimento econômico e social, beneficiando especialmente as regiões do Sul Global. Segundo ele, a proposta busca aproveitar tecnologias emergentes para impulsionar o crescimento inclusivo e sustentável, conectando inovação e desenvolvimento social de maneira estratégica.
ONU destaca relevância do GDI para a Agenda 2030
O secretário-geral da ONU, António Guterres, elogiou a iniciativa, afirmando que o GDI pode se tornar um mecanismo essencial para acelerar o progresso da Agenda 2030 em todo o mundo. Ele destacou que a iniciativa está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), abordando questões cruciais como erradicação da pobreza, segurança alimentar, ação climática e crescimento inclusivo e equitativo.
“Seu alinhamento com os ODS — especialmente a erradicação da pobreza, a segurança alimentar, a ação climática e o crescimento inclusivo e equitativo — aborda os desafios de desenvolvimento do nosso tempo”, disse Guterres.
O subsecretário-geral da ONU, Li Junhua, também enfatizou o papel estratégico da organização:
“Ao comemorarmos o nosso 80º aniversário, lembramos que a ONU continua sendo indispensável como âncora da cooperação global para a paz e o desenvolvimento sustentável.”
Li Junhua destacou ainda que o GDI oferece novas oportunidades para países em desenvolvimento, contribuindo para esforços multilaterais da ONU que visam construir caminhos de desenvolvimento mais verdes, justos e resilientes.
Reconhecimento internacional e apoio às iniciativas chinesas
Especialistas e representantes internacionais elogiaram os resultados da cooperação promovida pelo GDI e manifestaram apoio às quatro principais iniciativas globais da China, além da Iniciativa do Cinturão e Rota proposta por Xi Jinping.
Segundo Somadoda Fikeni, especialista em relações internacionais e presidente da Comissão de Serviço Público da África do Sul,
“A China aproveitou seus pontos fortes em recursos, infraestrutura e tecnologia para apoiar a modernização e reduzir as desigualdades globais.”
Fikeni também ressaltou que o GDI, juntamente com a Iniciativa de Segurança Global, a Iniciativa de Civilização Global e a Iniciativa de Governança Global, demonstram liderança, visão de futuro e disposição da China em assumir responsabilidade para moldar um mundo multipolar.
Com esses anúncios, a reunião de alto nível da ONU reforçou a relevância do GDI como plataforma global para o desenvolvimento compartilhado, sublinhando o papel da cooperação internacional e das parcerias estratégicas entre países em um cenário econômico global cada vez mais complexo e interconectado.
Com informações de Agência Xinhua*