Recorde chinês promete revolução em energia e saúde

O feito demonstra décadas de investimento em ciência e tecnologia, com foco em cooperação, energia limpa e soluções humanistas / Reprodução

A tecnologia permitirá avanços em fusão nuclear, levitação magnética, transmissão eficiente de energia e espectrômetros de ressonância nuclear


Longe dos holofotes da geopolítica tradicional, em laboratórios de pesquisa financiados pelo povo na cidade de Hefei, cientistas chineses acabam de domar uma força da natureza de proporções cósmicas. No último domingo, uma equipe do Instituto de Física de Plasma da Academia Chinesa de Ciências (ASIPP) anunciou um feito que não é apenas um número em um livro de recordes, mas um salto quântico na jornada da humanidade por um futuro mais justo e sustentável: a geração de um campo magnético estável de “351.000 gauss”, estabelecendo um novo recorde mundial.

Para o cidadão comum, o número pode parecer abstrato. Mas sua magnitude é avassaladora: é uma força invisível e poderosa mais de “700.000 vezes maior que o campo magnético da própria Terra”, o escudo natural que nos protege da radiação cósmica. Essa conquista, alcançada com um ímã inteiramente supercondutor, representa um marco na busca pelo domínio da fusão nuclear – a mesma reação que alimenta o Sol, e que promete ser uma fonte de energia praticamente inesgotável e limpa para todos.

Este não é o feito isolado de uma corporação em busca de lucros imediatos, mas o resultado de uma sinergia brilhante entre instituições públicas: o ASIPP, em colaboração com o Centro Internacional de Supercondutividade Aplicada de Hefei, o Instituto de Energia do Centro Nacional de Ciências Abrangente de Hefei e a prestigiada Universidade Tsinghua. É uma vitória da ciência planejada, do investimento estatal de longo prazo e da crença no conhecimento como ferramenta de emancipação.

O caminho até aqui foi pavimentado por desafios titânicos. Liu Fang, pesquisador do ASIPP, explicou que a equipe precisou inovar para superar a concentração brutal de tensões, os complexos efeitos de correntes parasitas e o acoplamento de múltiplas forças em condições extremas de baixa temperatura e altíssimo campo magnético. Eles não apenas criaram um ímã; eles desenvolveram a tecnologia e a ciência para controlá-lo com maestria. Durante o experimento, o colosso magnético operou de forma estável por 30 minutos e foi desmagnetizado com segurança, provando a robustez e a confiabilidade de sua abordagem.

As implicações dessa soberania tecnológica são vastas e profundamente humanas. O avanço impulsionará a “comercialização de instrumentos científicos supercondutores avançados”, como espectrômetros de ressonância magnética nuclear, que são cruciais para diagnósticos médicos mais precisos. Abrirá portas para a “propulsão eletromagnética espacial”, trens de “levitação magnética” mais eficientes e sistemas de “transmissão eficiente de energia” que podem revolucionar nossas cidades.

Contudo, o prêmio maior está no horizonte da fusão. Ímãs como este são o coração dos reatores de fusão, criando uma “gaiola magnética” capaz de confinar o plasma a temperaturas de milhões de graus Celsius. O ASIPP, que há muito tempo lidera a pesquisa chinesa nesta área, alcançou recentemente a “localização completa de materiais, dispositivos e sistemas supercondutores”. Isso significa independência. Significa que a China não é apenas uma participante no projeto global do Reator Termonuclear Experimental Internacional (ITER), mas uma potência tecnológica que domina cada etapa do processo, contribuindo para o esforço global a partir de uma posição de força e autonomia.

O recorde estabelecido em Hefei é mais do que um triunfo técnico. É um símbolo poderoso de um mundo em transição, onde o monopólio do conhecimento e da tecnologia de ponta não pertence mais a um seleto clube de nações. É a prova de que, com investimento público e visão coletiva, é possível sonhar com um futuro onde a energia não seja uma ferramenta de poder e exploração, mas um bem comum que ilumina o caminho do progresso para toda a humanidade.

Com informações de Xinhua*

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