A família de Miguel Viveiros de Castro, brasileiro que integrava a Flotilha Global Sumud, denunciou nesta quinta-feira (2) o desaparecimento do jovem após a interceptação da missão humanitária por forças israelenses em águas internacionais. A flotilha levava alimentos e remédios à população da Faixa de Gaza, sob bloqueio e em grave crise humanitária.
Segundo relato da família, Miguel mantinha um protocolo rígido de comunicação durante a viagem: deveria enviar mensagens a cada dez minutos e, em caso de prisão, descartar o celular no mar. Os tripulantes tinham ainda vídeos previamente gravados, nos quais se identificavam e afirmavam estar sendo detidos por Israel. Esses registros seriam disparados automaticamente como forma de proteção. No entanto, no caso de Miguel, nenhum vídeo foi enviado e o contato cessou de forma repentina.
“Nas listas divulgadas, ele aparece como ‘possivelmente interceptado’. Mas essa palavra não se sustenta. Dos 15 brasileiros que estavam na flotilha, 13 aparecem como sequestrados. Dois não aparecem — e Miguel é um deles”, diz a nota divulgada por seus familiares. “Não existe ‘possivelmente’: ou foi interceptado ou não foi. E tudo indica que sim, porque Miguel mantinha o contato com disciplina absoluta até o momento em que desapareceu.”
A família afirma estar em contato direto com o Itamaraty e cobra informações oficiais sobre o paradeiro de Miguel. “Queremos respostas, não hipóteses. Queremos informações concretas e oficiais sobre o que aconteceu. A cada hora que passa sem notícias, cresce o desespero da família, dos amigos e de todos que acompanham essa tragédia”, afirmam os parentes.
O documento classifica a ausência de informações como “devastadora” e exige que o desaparecimento seja reconhecido formalmente pelas autoridades brasileiras. Além disso, cobra atuação imediata do governo federal e de organismos internacionais para esclarecer o caso, denunciar o ataque à flotilha e responsabilizar Israel pela prisão e desaparecimento de cidadãos brasileiros.
“Não aceitaremos a palavra ‘possivelmente’. Não aceitaremos a neutralidade cúmplice. Exigimos ação, denúncia e verdade”, conclui a nota.
Até o momento, o Ministério das Relações Exteriores informou apenas que acompanha a situação dos brasileiros detidos e mantém contato com autoridades israelenses, mas não confirmou a localização de Miguel.