Segundo dados do módulo de Turismo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgados nesta quinta-feira (2) pelo IBGE, os gastos com viagens nacionais que incluíram pernoite chegaram a R$ 22,8 bilhões, alta de 11,7% em relação ao ano anterior, quando o total foi de R$ 20,4 bilhões. O aumento ocorreu mesmo sem crescimento no número de viagens, que permaneceu em 20,6 milhões.
De acordo com o analista da pesquisa, William Kratochwill, o resultado indica que viajar ficou mais caro ou que as famílias têm optado por roteiros de maior custo. “Tivemos o mesmo número de viagens e um gasto maior, o que significa que viajar está mais caro ou, então, as pessoas estão fazendo viagens mais caras”, explicou.
A proporção de domicílios em que ao menos um morador viajou em 2024 foi de 19,3% do total estimado no país, equivalente a 15 milhões de lares. O percentual é praticamente o mesmo de 2023 (19,8%), mas representa queda em comparação ao período da pandemia, quando o turismo foi abruptamente interrompido: em 2020, 13,9% dos domicílios relataram viagem, número que caiu para 12,7% em 2021.
A finalidade das viagens manteve-se estável em relação a anos anteriores. Em 2024, 85,5% foram pessoais, principalmente por lazer (39,8%) ou para visitar familiares e amigos (32,2%). Já as viagens profissionais representaram 14,5% do total, com destaque para negócios e trabalho (82,7%). As viagens motivadas por lazer cultural e gastronômico foram as que mais cresceram na série histórica da pesquisa, saltando de 15,5% em 2020 para 24,4% em 2024.
O lazer ligado a sol e praia continua como a preferência nacional, embora em queda: em 2020, esse tipo de viagem representava 55,5% do total, caindo para 44,6% em 2024. Já o gasto médio foi maior entre turistas que viajaram para o Nordeste, chegando a R$ 2.523 por pessoa, apesar de os viajantes da região serem os que menos gastaram quando viajaram para outros destinos (R$ 1.206).
O Sudeste concentrou tanto as origens (43,9%) quanto os destinos (41,2%) das viagens nacionais, seguido por Nordeste (27,4%) e Sul (17,6%). Como destino específico, Alagoas se destacou com o maior gasto médio (R$ 3.790). Já o Distrito Federal registrou os maiores gastos entre turistas que partiram da região (R$ 3.090).
Em relação à hospedagem, 40,7% das viagens tiveram estadia em casas de amigos ou parentes, o que mantém esse tipo de acomodação como a mais utilizada no país. Hotéis e resorts aparecem em segundo lugar, com 18,8%.
O levantamento também revelou desigualdades no acesso ao turismo. Entre os domicílios de menor renda (até meio salário mínimo per capita), apenas 10,4% tiveram algum morador viajando. No extremo oposto, 45,7% dos lares com renda de quatro ou mais salários mínimos registraram viagens. A principal razão para não viajar em 2024 foi a falta de dinheiro, mencionada por 39,2% dos lares, seguida pela falta de tempo (19,1%).
As viagens internacionais também avançaram. Em 2024, 3,3% do total de viagens tiveram como destino o exterior, alta de 11,1% em comparação a 2023. Foram registradas 688 mil viagens internacionais no ano passado, contra 619 mil no período anterior.