Economia brasileira segue oferecendo boas notícias

Brasil cria mais de 257 mil empregos com carteira assinada em abril e registra melhor desempenho da série histórica / Reprodução

Lula adentra o último trimestre do ano com indicadores econômicos robustos, aprovação popular em ascensão e relações institucionais recompostas com o Parlamento. Apesar das tentativas bolsonaristas e da extrema-direita de produzir uma crise econômica no Brasil, a economia segue pujante. A Casa Branca foi instigada a aplicar tarifas punitivas contra o país, mas a estratégia não funcionou.

Os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgados pelo IBGE, revelam um cenário de crescimento sólido e distribuído. Não se trata de um crescimento inflado, puxado pelo mercado financeiro, nem daquele tipo de PIB que a economista Maria da Conceição Tavares criticava como inatingível para a população. O avanço atual baseia-se na geração de empregos formais e no aumento real da renda dos trabalhadores.

A principal lição dos números é clara: além da queda do desemprego para o menor patamar da série histórica, houve um sólido aumento da renda. Ganho real acima da inflação. A taxa de desocupação atingiu 5,6%, a menor desde 2012, representando uma queda de 1,0 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2024. A população ocupada cresceu 1,8% no ano.

Enquanto o Brasil demonstra vigor, os Estados Unidos, que tentaram nos atacar, enfrentam um cenário adverso. A inflação de alimentos por lá acelerou para 3,2% em agosto, a maior desde outubro de 2023. Aqui, a tendência é de queda. O poder de compra do trabalhador norte-americano vem caindo, e a taxa de desemprego subiu para 4,3% em agosto, a maior em quase quatro anos. O Brasil segue o caminho oposto: desemprego em queda, poder de compra em alta.

O bolsonarismo fracassou mais uma vez. Perderam a eleição no primeiro e no segundo turno, e agora perdem a aposta na crise. Tentaram convencer a Casa Branca a atacar o Brasil para produzir uma crise econômica e tentar um novo golpe. Perderam. A caravana da economia brasileira, impulsionada pela força de seu povo, continua a passar. Jair Bolsonaro foi condenado pela Justiça, e Eduardo Bolsonaro está isolado nos Estados Unidos, esperneando sem eco.

O destaque dos números da PNAD Contínua é a qualidade do crescimento. O número de empregados com carteira assinada no setor privado chegou a 39,1 milhões, estabelecendo um novo recorde. Houve um aumento de 1,2 milhão de pessoas em um ano (crescimento de 3,3%). Na contramão, o número de trabalhadores sem carteira no setor privado recuou 3,3%, com 464 mil pessoas a menos nessa condição. O setor público também contribuiu, registrando um aumento de 340 mil postos de trabalho (alta de 2,7%).

O rendimento real habitual do trabalhador brasileiro cresceu 3,3% acima da inflação no último ano, alcançando R$ 3.488. A massa de rendimento real habitual, que representa a soma de toda a renda do trabalho, cresceu ainda mais: 5,4%. Isso significa quase R$ 18 bilhões a mais circulando na economia. Esse crescimento da massa de rendimento, superior ao do rendimento individual, mostra o efeito combinado de mais gente trabalhando e com salários melhores.

A análise dos números revela também uma profunda transformação social. A queda no número de trabalhadores domésticos (redução de 3,2% em um ano) não representa uma crise no setor, mas uma mudança cultural. É um trabalho importante, mas historicamente associado a uma herança servil. A redução dessa ocupação, somada ao aumento do rendimento dos que nela permanecem (alta de 5,3% no ano), indica um país em transformação. Trabalhadores que antes se dedicavam ao serviço doméstico agora encontram oportunidades em outros setores, muitas vezes com melhores condições e direitos garantidos.

O aumento do trabalho por conta própria (crescimento de 4,3% no ano) também não é necessariamente um dado negativo. Ele aponta para uma massa de trabalhadores mais independente. O grande desafio, agora, é oferecer a esses trabalhadores, junto com os informais, mais direitos e proteção. E o Brasil já oferece uma base sólida para isso.

O fato de o Brasil ter um Sistema Único de Saúde (SUS) e um sistema de educação pública e gratuita já garante direitos essenciais a todos, independentemente da forma de inserção no mercado de trabalho. A ampliação de programas como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), junto com o seguro-desemprego, forma um robusto colchão de proteção social. Essa rede de segurança funciona como uma espécie de renda mínima, protegendo o trabalhador em momentos de adversidade, como doença ou desemprego.

Os dados de turismo divulgados pelo IBGE confirmam a melhora do poder de compra da população, com gastos nacionais crescendo 11,7% em 2024, impulsionados principalmente pelas famílias de menor renda.

Todas essas conquistas convergem para um novo desafio: a modernização da infraestrutura de mobilidade urbana. Trabalhadores empregados, com renda crescente e disposição para viajar, demandarão maior capacidade de deslocamento. Milhões de brasileiros das periferias, que antes enfrentavam o desemprego ou a precariedade laboral, agora aspiram a se movimentar com dignidade: conhecer as praias do país, explorar novos destinos, reduzir o tempo de trajeto ao trabalho e retornar mais cedo para suas famílias.

Esse novo cenário exige investimentos substanciais em mobilidade urbana. E qual é o modal de transporte que falta ao Brasil? O país já dispõe de uma rede rodoviária extensa e de aeroportos modernizados. O que falta são trens. Ampliação das redes de metrô, instalação de ferrovias conectando centros urbanos às periferias, modernização dos sistemas de trens metropolitanos e construção de linhas de alta velocidade integrando as capitais brasileiras.

O que os números mostram é um país em processo de consolidação de um estado de bem-estar social moderno, como diriam os chineses, um país moderadamente próspero, com a vantagem de ter uma população mais jovem que a dos países desenvolvidos e, portanto, muito mais espaço para crescer e construir. Mas ainda há muito a avançar, e a caravana passa rumo ao próximo destino: a modernização da mobilidade urbana.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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