Exportação de carne bovina do Brasil para a China dispara em setembro e compensa queda nas vendas para os EUA

AGËNCIA BRASIL

A exportação de carne bovina do Brasil para a China, maior comprador do produto brasileiro, registrou alta de 38,3% em setembro em relação ao mesmo mês do ano passado, alcançando 187,34 mil toneladas. O resultado ajudou o país a atingir um volume total recorde de embarques no período, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (9) pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).

Os números confirmam informações antecipadas pela agência Reuters com base em dados preliminares da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), indicando que o setor conseguiu ampliar suas vendas mesmo em meio às tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos.

China amplia compras em meio a disputa comercial global

O avanço das exportações para o mercado chinês ocorre em um contexto de reacomodação do comércio global. A “guerra tarifária” entre China e Estados Unidos tem levado o país asiático a buscar novos fornecedores, fortalecendo sua presença no mercado brasileiro de proteínas. A demanda chinesa também tem impactado outros setores, como o de soja, que vem registrando embarques recordes ao evitar a oleaginosa norte-americana.

Segundo a Abrafrigo, o desempenho demonstra a capacidade do Brasil de redirecionar seus produtos para mercados estratégicos e superar barreiras comerciais. “Esse forte desempenho ocorreu no segundo mês de vigência das taxas adicionais impostas a produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos, mostrando que o setor vem conseguindo superar com sucesso as adversidades e aproveitar novas oportunidades comerciais, compensando a queda nas vendas para o país norte-americano”, informou a entidade.

Recorde de exportações em setembro

As exportações totais da indústria de carne bovina — que incluem carne in natura, industrializada, miudezas comestíveis e sebo, entre outros subprodutos — somaram 373.867 toneladas em setembro. O volume representa um crescimento de 17% em relação ao mesmo mês de 2024. Em faturamento, houve alta de 49%, totalizando US$ 1,92 bilhão.

O aumento das vendas para a China foi determinante para o resultado recorde. Enquanto isso, as exportações para os Estados Unidos, segundo maior destino da carne bovina brasileira, registraram forte retração de 41% em setembro, movimentando US$ 102,9 milhões.

União Europeia se destaca como segundo maior destino

A União Europeia assumiu a posição de segundo maior mercado para a carne bovina brasileira no mês de setembro, impulsionada por compras de países como Itália, Holanda e Espanha. O bloco importou 15.322 toneladas, alta de 83% frente a setembro do ano passado, e gerou receita de US$ 131,7 milhões, um avanço de 106%.

Além do aumento no volume, o preço médio pago pelos europeus também se destacou. Em setembro de 2025, o valor médio da carne bovina in natura enviada à União Europeia alcançou US$ 8.739 por tonelada, um patamar superior ao de outros mercados.

No acumulado de janeiro a setembro, as vendas para o bloco europeu somaram US$ 676 milhões, avanço de 63,5% em relação ao mesmo período de 2024. O volume embarcado no ano já chega a 83.679 toneladas, crescimento de 44,4%. Com esses números, a União Europeia se consolidou como o terceiro maior comprador do produto brasileiro em 2025.

Diversificação de mercados garante estabilidade

A Abrafrigo informou que 130 países aumentaram suas compras de carne bovina brasileira nos nove primeiros meses do ano, enquanto 48 reduziram. Essa diversificação tem sido apontada por especialistas como um dos principais fatores que explicam a resiliência do setor diante de barreiras comerciais impostas por grandes economias.

No caso da China, produtos como carne in natura e cortes premium vêm ganhando espaço, enquanto outros mercados têm absorvido produtos industrializados e subprodutos. Para analistas do comércio exterior, essa capacidade de adaptação fortalece o Brasil como fornecedor global de proteínas e reduz a dependência de um único parceiro comercial.

Tarifas dos EUA pressionam setor, mas impacto é limitado

As exportações de carne bovina para os Estados Unidos caíram de forma significativa desde a implementação das tarifas adicionais impostas pelo governo norte-americano, que afetam produtos brasileiros. Ainda assim, o setor conseguiu compensar parte dessas perdas com o aumento de vendas para a China e outros destinos.

Segundo a Abrafrigo, os números de setembro mostram que a indústria frigorífica brasileira encontrou alternativas para contornar as restrições e manter seus resultados positivos. A entidade ressalta que a demanda global por proteínas continua em alta, abrindo novas oportunidades comerciais para o Brasil.

Perspectivas para o restante do ano

Com o desempenho expressivo em setembro, o Brasil deve encerrar 2025 com crescimento sólido nas exportações de carne bovina, mesmo diante das incertezas do comércio internacional. A forte presença na China, a valorização das vendas para a União Europeia e a abertura de novos mercados são fatores que devem sustentar os embarques até dezembro.

Especialistas avaliam que, embora as tarifas dos Estados Unidos tenham impactado segmentos específicos, a combinação de preços competitivos e qualidade do produto brasileiro mantém o país como líder global no fornecimento de carne bovina. A diversificação de destinos é considerada estratégica para reduzir riscos e consolidar a posição brasileira frente a disputas comerciais e mudanças nas políticas de grandes economias.


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