Quaest mostra vantagem recorde de Lula sobre Tarcísio no segundo turno

RICARDO STUCKERT

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mantém ampla vantagem sobre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em uma eventual disputa de segundo turno nas eleições presidenciais de 2026, segundo levantamento da Genial/Quaest divulgado nesta quinta-feira (9).

A pesquisa, encomendada pela Genial Investimentos, foi realizada entre os dias 2 e 5 de outubro, com 2.004 entrevistas presenciais em todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

De acordo com os resultados, Lula aparece com 45% das intenções de voto, enquanto Tarcísio registra 33%. Outros 19% afirmaram que votariam em branco, anulariam o voto ou não compareceriam às urnas, e 3% disseram estar indecisos. A diferença de 12 pontos consolida o presidente na liderança e evidencia a dificuldade da oposição em reduzir a distância após quase três anos de governo.

Tarcísio se consolida como principal nome da oposição

Governador do estado mais populoso do país e ex-ministro da Infraestrutura durante o governo de Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas é visto por analistas como o principal nome da oposição para disputar a Presidência em 2026. Ele conta com o apoio de setores da direita, de parte do Centrão e de grupos ligados ao mercado financeiro.

Apesar disso, o levantamento mostra que o governador ainda enfrenta limitações para ampliar sua base de apoio fora das regiões Sudeste e Sul. A popularidade de Lula permanece alta no Nordeste, onde o presidente concentra a maioria de seus eleitores desde as primeiras vitórias eleitorais em 2002. Segundo o estudo, o desempenho de Tarcísio é mais expressivo entre eleitores conservadores e empresários, mas a falta de penetração em outras faixas de público reduz seu potencial de crescimento nacional.

Lula mantém estabilidade e liderança em todos os cenários

Nos cenários de primeiro turno testados pela Genial/Quaest, Lula aparece na frente em todas as simulações, com intenções de voto que variam entre 35% e 43%, dependendo dos adversários incluídos. Quando Tarcísio de Freitas é listado entre os candidatos, o presidente registra 39%, enquanto o governador paulista aparece com 18%.

Os números confirmam a estabilidade do quadro eleitoral observado desde setembro e reforçam que Lula segue como o nome mais competitivo entre todos os potenciais presidenciáveis. Mesmo após quase três anos de mandato, o presidente mantém desempenho consistente, impulsionado pelo apoio nas regiões Norte e Nordeste e entre eleitores de baixa renda.

A pesquisa também destaca que Tarcísio é, dentro do campo da direita, o adversário mais viável. Ainda assim, o governador enfrenta o desafio de conquistar eleitores de centro e independentes, parcela do eleitorado que tende a ser decisiva em disputas presidenciais.

Rejeição ainda é obstáculo para Tarcísio

O levantamento revela que 41% dos eleitores afirmam que não votariam em Tarcísio de Freitas de forma alguma. Apenas 26% dizem conhecer o governador e estariam dispostos a votar nele. Esse índice de rejeição é considerado elevado e pode limitar a expansão do seu nome no cenário nacional, especialmente em estados do Norte e Nordeste.

Entre os eleitores que conhecem Tarcísio, o percentual de aprovação é maior no Sudeste, onde ele é mais conhecido por sua gestão em São Paulo. No entanto, nas demais regiões, a maioria dos entrevistados afirma ter pouco ou nenhum conhecimento sobre sua atuação política, o que reduz o alcance da sua imagem fora do eixo paulista.

Cenário político segue polarizado

Os resultados da Genial/Quaest indicam que o cenário eleitoral de 2026 tende a repetir a polarização observada em 2022, com Lula mantendo o protagonismo no campo progressista e Tarcísio surgindo como o principal nome da direita. A ausência de Jair Bolsonaro na disputa, em razão de sua inelegibilidade, abre espaço para novos lideres dentro do grupo conservador, mas ainda não há consenso sobre um candidato único.

Segundo analistas políticos, a consolidação de Tarcísio como herdeiro do eleitorado bolsonarista depende de sua capacidade de equilibrar a imagem técnica e administrativa com um discurso político que mobilize as bases do ex-presidente. O governador, por enquanto, adota uma postura moderada e evita críticas diretas a Lula, buscando ampliar sua aceitação entre eleitores independentes.

Metodologia e contexto

A pesquisa foi conduzida pela Quaest Consultoria e Pesquisa entre os dias 2 e 5 de outubro, com 2.004 entrevistas presenciais em 120 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais, e o nível de confiança é de 95%. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-05043/2025.

Os dados reforçam a estabilidade observada desde setembro, quando Lula já aparecia na liderança em todos os cenários simulados. De acordo com os pesquisadores, a aprovação do governo e a percepção sobre o desempenho da economia continuam sendo fatores determinantes para a manutenção das intenções de voto do presidente.

Próximos passos e leitura política

A três anos das eleições, os números indicam que o cenário político permanece consolidado, com Lula em posição de vantagem e a oposição ainda em busca de um discurso capaz de ampliar seu alcance nacional. O desempenho de Tarcísio de Freitas, embora relevante, ainda não ameaça a hegemonia do presidente nas pesquisas.

A Quaest deve divulgar novos levantamentos nos próximos meses para acompanhar a evolução das intenções de voto e a movimentação de possíveis candidaturas. Até o momento, os dados sugerem que o ambiente eleitoral segue estável e polarizado, com pouca margem de variação entre os principais nomes testados.


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