Cientistas alertam: Lua está rachando e pode colocar futuras missões em risco


A superfície da Lua está se modificando de maneira preocupante. Um novo estudo revelou que o satélite natural da Terra está rachando, e as falhas geológicas estão se espalhando por diferentes regiões, indicando que o corpo celeste continua geologicamente ativo.

A descoberta, publicada no portal científico Britannica, levanta alertas sobre a segurança de futuras missões humanas, incluindo o programa Artemis, da Nasa, que pretende estabelecer uma base permanente na superfície lunar nas próximas décadas.


Por que a Lua está rachando

O estudo, intitulado “Atividade paleossísmica no vale Taurus-Littrow da Lua”, analisou registros de impactos e movimentos de massa na crosta lunar. Segundo os pesquisadores, as transformações não são causadas apenas por meteoritos, como se acreditava, mas também por terremotos lunares gerados pela contração gradual do satélite.

Essa contração ocorre porque o interior da Lua esfria lentamente com o passar do tempo, fazendo com que seu volume diminua e a superfície se comprima, o que provoca rachaduras e falhas tectônicas.

“A Lua continua a se contrair e a liberar energia. Como não temos sismômetros potentes lá, buscamos sinais indiretos de atividade sísmica, como deslizamentos provocados por tremores”, explicou Nicholas Schmerr, pesquisador principal do estudo.


Evidências de atividade sísmica lunar

As conclusões se baseiam em observações detalhadas feitas na região de Taurus-Littrow, local de pouso da missão Apollo 17, em 1972. Nessa área, os cientistas identificaram marcas de deslizamentos de terra e quedas de rochas provocadas por abalos sísmicos — indícios de que o solo lunar ainda se movimenta.

Entre as formações mais ativas está a falha Lee-Lincoln, uma das estruturas geológicas mais conhecidas da Lua e que se localiza justamente em uma zona de interesse para futuras bases lunares da Nasa.

De acordo com os pesquisadores, essas falhas jovens são semelhantes às encontradas na Terra e podem gerar novos tremores a qualquer momento, mesmo que de pequena magnitude.

“Os eventos mostram que a Lua não é um corpo totalmente sem atividade”, afirmou Schmerr.


Riscos para missões espaciais

O estudo também apresenta estimativas de risco sísmico para futuras ocupações humanas. Embora a probabilidade de um grande terremoto lunar seja relativamente baixa — cerca de 1 em 20 milhões por dia —, o risco aumenta em projetos de longo prazo.

Os cálculos apontam que, ao longo de uma década, a chance de ocorrer um tremor significativo pode chegar a 1 em 5.500.

“Mesmo que o risco pareça pequeno, ele precisa ser levado a sério quando falamos de infraestrutura permanente na Lua”, alertou Schmerr.

O cientista Thomas Watters, do Smithsonian Institution, nos Estados Unidos, reforçou a importância de avaliar a localização das falhas antes de construir qualquer instalação lunar.

“A distribuição global dessas falhas jovens deve ser levada em conta para evitar que futuras instalações fiquem em zonas instáveis”, disse Watters.

Essas análises serão essenciais para o planejamento do programa Artemis, que prevê missões tripuladas e construção de habitats fixos no solo lunar até o fim da década.


Um desafio para a colonização lunar

O fato de que a Lua está rachando representa um desafio para o futuro da exploração espacial. A presença de falhas geológicas ativas pode colocar em risco laboratórios, módulos de habitação, usinas e sistemas de comunicação, caso sejam instalados sobre áreas instáveis.

Os pesquisadores sugerem que futuras construções lunares sejam feitas em regiões afastadas de escarpas ou fraturas e que novos instrumentos sísmicos sejam levados em missões robóticas e tripuladas para mapear melhor a atividade tectônica do satélite.

Além disso, eles destacam a necessidade de estudos de longo prazo para identificar zonas seguras de pouso e ocupação, levando em consideração a possibilidade de tremores periódicos e movimentação do solo.

“A Lua ainda pulsa sob a crosta marcada pelo tempo. Mesmo a centenas de milhares de quilômetros da Terra, continua viva, contraindo-se lentamente e liberando energia”, afirmou Schmerr.


O que essa descoberta muda para a ciência lunar

As novas evidências de atividade sísmica reforçam a ideia de que a Lua não é um corpo geologicamente morto, como se acreditava por décadas. Essa percepção transforma a compreensão sobre a evolução térmica e estrutural do satélite e pode influenciar o modo como as agências espaciais planejam futuras missões.

Para os cientistas, cada rachadura registrada é um indício de que o interior da Lua ainda está se ajustando. O fenômeno também ajuda a entender processos semelhantes em outros corpos do Sistema Solar, como Mercúrio, que apresenta falhas de compressão parecidas.

O estudo reforça a importância de monitoramento sísmico contínuo e da instalação de novos sismômetros lunares nas próximas missões do programa Artemis. Esses instrumentos poderão medir com mais precisão a frequência e a intensidade dos tremores, permitindo avaliar a estabilidade geológica antes da instalação de bases humanas.


📊 Resumo do estudo sobre as rachaduras na Lua:

  • Fonte: portal científico Britannica
  • Estudo: “Atividade paleossísmica no vale Taurus-Littrow da Lua”
  • Causa principal: contração gradual do satélite natural da Terra
  • Local analisado: região de Taurus-Littrow (pouso da Apollo 17)
  • Falhas identificadas: Lee-Lincoln e outras estruturas jovens
  • Risco estimado: 1 em 5.500 para um grande tremor em 10 anos
  • Implicações: ameaça potencial para futuras bases lunares e missões da Nasa

Redação:
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