Comércio exterior da China cresce 4% em 2025 e reforça liderança global com exportações tecnológicas e sustentáveis

REPRODUÇÃO


O comércio exterior da China manteve trajetória de crescimento estável em 2025, com alta de 4% nas trocas internacionais nos primeiros nove meses do ano, alcançando 33,61 trilhões de yuans (equivalentes a US$ 4,73 trilhões), segundo dados divulgados nesta segunda-feira (13) pela Administração Geral das Alfândegas (GAC) e publicados pelo Global Times. O desempenho confirma a resiliência da segunda maior economia do mundo diante de um cenário de desaceleração global e tensões comerciais persistentes.

As exportações chinesas cresceram 7,1% em relação ao mesmo período de 2024, totalizando 19,95 trilhões de yuans, enquanto as importações recuaram 0,2%, somando 13,66 trilhões de yuans. Para as autoridades de Pequim, os números demonstram a capacidade do país de diversificar mercados e impulsionar setores estratégicos, sustentando o avanço do comércio exterior pelo oitavo trimestre consecutivo.

Crescimento contínuo e expansão de parcerias

Em entrevista coletiva em Pequim, o vice-administrador da GAC, Wang Jun, destacou que a China manteve crescimento positivo em oito trimestres seguidos, com altas de 1,3% no primeiro trimestre, 4,5% no segundo e 6% no terceiro de 2025.

Wang ressaltou o papel das parcerias internacionais na sustentação do comércio chinês, especialmente no âmbito da Iniciativa Cinturão e Rota (BRI). O comércio bilateral com os países do bloco atingiu 17,37 trilhões de yuans, representando 51,7% das trocas totais e registrando aumento de 6,2% em relação ao ano anterior.

A diversificação dos mercados e a inovação tecnológica nas exportações têm sido fundamentais para sustentar o comércio exterior diante das pressões externas”, afirmou Wang Jun. Ele acrescentou que o país está ampliando as cadeias de fornecimento e fortalecendo acordos comerciais com economias emergentes para reduzir a dependência de mercados tradicionais.

Exportações impulsionadas por tecnologia e sustentabilidade

Os dados mostram que bens eletromecânicos continuam sendo o principal motor das exportações chinesas, somando 12,07 trilhões de yuans, um avanço de 9,6% em relação a 2024, e respondendo por 60,5% do total exportado.

O crescimento mais expressivo, no entanto, veio da chamada “nova tríade” industrial — composta por veículos elétricos, baterias de íons de lítio e painéis solares. Esses produtos registraram crescimento de dois dígitos e consolidaram a liderança chinesa na exportação de tecnologias verdes.

Outros setores também ganharam destaque, como locomotivas elétricas e equipamentos de transporte sustentáveis, que reforçam a estratégia de posicionar a China como referência global em inovação tecnológica e transição energética.

Analistas chineses afirmam que o avanço das exportações de alta tecnologia é resultado direto de políticas industriais voltadas à modernização produtiva, digitalização e fortalecimento de cadeias de valor domésticas.

Importações mostram recuperação gradual

Embora as importações tenham recuado levemente no acumulado do ano, houve sinais de recuperação no segundo e terceiro trimestres, com crescimentos de 0,3% e 4,7%, respectivamente.

Entre os produtos com maior aumento estão petróleo bruto (+4,9%), minérios metálicos (+10,1%), instrumentos de medição e teste (+9,3%) e equipamentos de informática e comunicação (+8,9%).

Segundo Wang Jun, o resultado reflete a retomada da demanda interna e o dinamismo do setor produtivo, impulsionado pelo consumo doméstico e por investimentos industriais. Ele destacou ainda o aumento no número de empresas ativas no comércio exterior, que chegou a 700 mil, um crescimento de 52 mil em relação a 2024.

“Esses indicadores mostram que o comércio da China não apenas resistiu às pressões externas, mas também evoluiu em qualidade e composição, com maior participação de bens de alto valor agregado”, afirmou o vice-administrador.

Estratégia de longo prazo e desafios

Wang Jun atribuiu o desempenho à liderança centralizada do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCC), à coordenação entre governos locais e à adaptação das empresas às mudanças globais. “O comércio exterior da China demonstrou resiliência e otimização estrutural, alcançando crescimento quantitativo e qualitativo — uma conquista árdua”, disse.

Apesar dos avanços, o dirigente reconheceu que os desafios permanecem significativos, citando as incertezas econômicas internacionais, a desaceleração global do consumo e as disputas comerciais com países ocidentais. Ele também mencionou a base de comparação elevada de 2024, o que pode limitar o crescimento nos últimos meses do ano.

A GAC prevê que, para manter o ritmo de expansão, será necessário aprofundar a inovação tecnológica, fortalecer a integração regional e expandir o uso do yuan nas transações internacionais, reduzindo a exposição às flutuações cambiais globais.

China reafirma papel de motor do comércio mundial

O desempenho de 2025 reforça o papel da China como principal motor do comércio global, mesmo em um ambiente de volatilidade econômica. O país tem conseguido equilibrar sua agenda de sustentabilidade com o fortalecimento industrial, combinando crescimento econômico, inovação e estabilidade social.

A estratégia de longo prazo, baseada em diversificação de mercados, estímulo à pesquisa e ampliação de infraestrutura logística, tem permitido à China manter competitividade e protagonismo no cenário global.

Ao apostar em produtos verdes e de alto valor tecnológico, o país também consolida sua posição como líder na exportação de soluções sustentáveis. Para analistas, essa trajetória deve se manter nas próximas décadas, à medida que Pequim avança em seus planos de neutralidade de carbono e integração econômica regional.

Mesmo diante das incertezas geopolíticas e do desaquecimento de economias desenvolvidas, o comércio chinês segue em expansão, consolidando o país como um pilar central do comércio internacional e um dos principais vetores de estabilidade econômica global.


Redação:
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.