A democracia chinesa e os banheiros públicos de Xangai

Xi Jinping e o Partido Comunista de Xangai decidiram transformar a cidade numa cidade amiga do cidadão. Para isso, lançaram a chamada “revolução dos banheiros”. Quem conta é Laura Capriglione, jornalista e fundadora do coletivo Jornalistas Livres, em entrevista ao programa Conversa Sem Curva, da TVT, depois de voltar de uma viagem de quase um mês pela China.

Laura descreve os banheiros públicos de Xangai como exemplos concretos de uma política voltada ao bem-estar popular. “E aí plantaram banheiros pela cidade toda, banheiros que têm essas características… O banheiro da minha casa é tão limpo quanto”. Mas o que mais impressiona não é apenas a limpeza. “Você sai do banheiro e tem um cartazinho que tem lá o nome do responsável do partido pelo banheiro, as normas para que a coisa funcione, para quem tiver alguma reclamação, para onde tem que mandar”, explica a jornalista. “Eles elegem o cara que cuida do banheiro”.

Esse modelo de gestão revela o que Laura chama de “democracia participativa”. Ela observa que a experiência chinesa a fez repensar a política brasileira. “Você vai falar de política brasileira, você começa a falar dos recintos do Congresso Nacional. Você não fala da política que acontece no dia a dia”. A diferença fica clara quando ela compara situações cotidianas. Quando houve um acidente no metrô de São Paulo, ninguém soube o que aconteceu. Na China, segundo Laura, existe muito mais transparência. As pessoas têm acesso a ferramentas que permitem entender o que aconteceu quando ocorre um problema no transporte público.

Laura observa que o Partido Comunista opera numa democracia indireta, porém extremamente participativa, onde uma instância elege a outra. A legitimidade vem de resultados concretos: 800 milhões de pessoas retiradas da miséria e a melhoria efetiva da vida da população.

A jornalista provoca uma reflexão sobre modelos de governo. “Qual é o melhor governo? É um que tira um monte de gente da miséria ou é um que está jogando as pessoas na miséria, na fome, na violência?”, questiona. Para ela, enquanto a China avança, o Ocidente retrocede. Laura questiona como é possível que, em vez de progredir, o mundo ocidental esteja retroagindo. Enquanto isso, os chineses, que até pouco tempo trabalhavam em condições subhumanas, hoje vivem com qualidade de vida e bem-estar.

A “revolução dos banheiros” de Xangai, segundo Laura Capriglione, é mais do que uma política de infraestrutura. É um símbolo de como a democracia pode operar no cotidiano, com foco nas necessidades básicas da população.

“China tirou 800 milhões de pessoas da miséria!” | Laura Capriglione no Conversa Sem Curva
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