IBGE: Serviços batem recorde histórico e superam nível pré-pandemia; turismo e transportes puxam alta

Amanda Perobelli/Reuters


O setor de serviços no Brasil manteve o ritmo de crescimento em agosto de 2025, registrando alta de 0,1% em relação a julho, segundo dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado marca a sétima variação positiva consecutiva e consolida um avanço acumulado de 2,6% desde fevereiro. Com isso, o setor atingiu o maior nível da série histórica, ficando 18,7% acima do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020.

Na comparação com agosto de 2024, o crescimento foi de 2,5%, confirmando 17 meses seguidos de expansão — o ciclo positivo mais longo desde 2011, segundo o IBGE.


Crescimento disseminado entre as principais atividades

Entre as cinco atividades pesquisadas, quatro apresentaram avanço em agosto, mantendo a trajetória de recuperação iniciada no início de 2024.

  • Serviços profissionais, administrativos e complementares: +0,4%
  • Transportes, serviços auxiliares e correio: +0,2%
  • Serviços prestados às famílias: +1,0%
  • Outros serviços: +0,6%

O único recuo foi registrado em informação e comunicação (-0,5%), que devolveu o ganho obtido em julho.

De acordo com o IBGE, a expansão dos serviços profissionais e de transporte reflete aumento da demanda corporativa, além da retomada gradual do consumo presencial e da mobilidade urbana.


Comparação anual: transportes e tecnologia em destaque

Na comparação com agosto de 2024, o volume total de serviços cresceu 2,5%, impulsionado principalmente pelo segmento de transportes, auxiliares e correio, que registrou alta de 3,3%.

O desempenho foi favorecido pelo aumento no transporte aéreo de passageiros, pela melhora na logística de cargas e pelo movimento em rodovias concessionadas.

Outros setores também contribuíram:

  • Informação e comunicação: +3,4%
  • Serviços profissionais, administrativos e complementares: +2,9%

Já o grupo “outros serviços” apresentou retração de 2,7%, impactado pela redução de operações financeiras e de intermediação de negócios.


Turismo nacional volta a crescer após três meses de queda

Após um trimestre de retração, o índice de atividades turísticas cresceu 0,8% em agosto, segundo o IBGE. O resultado reflete a retomada de viagens domésticas e a recuperação gradual da demanda por lazer e eventos.

Com o avanço, o turismo ficou 11,5% acima do nível pré-pandemia, embora ainda esteja 2% abaixo do pico registrado em dezembro de 2024.

Os maiores crescimentos regionais foram observados em:

  • Rio de Janeiro: +2,5%
  • Amazonas: +6,9%
  • Bahia: +1,7%

O IBGE destacou que a expansão do turismo foi sustentada pelo aumento das hospedagens, alimentação fora do lar e transporte aéreo de passageiros, com impacto positivo sobre o setor de serviços prestados às famílias, que cresceu 1,0% no mês.


Desempenho regional: alta em 17 estados

Em termos regionais, 17 das 27 unidades da federação registraram avanço no volume de serviços em agosto. Os principais destaques foram:

  • Ceará: +2,0%
  • Santa Catarina: +1,4%
  • Rio Grande do Sul: +1,2%

Na outra ponta, São Paulo exerceu a maior influência negativa no resultado geral, com queda de 1,0%, seguido por Bahia (-2,5%) e Paraná (-0,8%).

Segundo o IBGE, o desempenho paulista foi afetado por oscilações no setor de tecnologia e comunicação, enquanto o Nordeste e o Sul se beneficiaram de maior atividade turística e serviços corporativos.


Transporte de passageiros e cargas mantém tendência de alta

O transporte de passageiros cresceu 0,3% em agosto, revertendo a queda registrada em julho, e agora está 9,9% acima do nível pré-pandemia.

Já o transporte de cargas teve expansão de 0,6%, acumulando quatro meses consecutivos de crescimento e atingindo 38,7% acima de fevereiro de 2020 — o maior avanço entre todos os segmentos avaliados.

Na comparação anual, o transporte de passageiros subiu 8,0%, enquanto o de cargas cresceu 2,1%, impulsionado pelo aumento do comércio eletrônico e pela recuperação do setor agroindustrial.

O IBGE apontou que a combinação entre logística eficiente e aumento da demanda interna tem sustentado o desempenho positivo do setor desde o segundo semestre de 2023.


Contexto macroeconômico e perspectivas

Economistas avaliam que o resultado de agosto confirma a força do setor de serviços como motor do PIB brasileiro, sustentado pela melhoria do mercado de trabalho, crescimento da massa salarial real e redução gradual dos juros.

O avanço contínuo por 17 meses reforça a leitura de que a economia brasileira mantém resiliência mesmo em meio a um cenário internacional mais adverso, com desaceleração em economias avançadas e queda nas exportações de commodities.

Analistas destacam, porém, que o ritmo de crescimento tende a desacelerar nos próximos meses, diante da perda de fôlego do consumo das famílias e da transição gradual da política monetária.


Síntese dos dados de agosto de 2025

📊 Indicadores gerais (IBGE – Pesquisa Mensal de Serviços):

  • Variação mensal: +0,1% frente a julho
  • Acumulado em 2025: +2,6%
  • Comparação com ago/2024: +2,5%
  • Nível atual: maior da série histórica
  • Acima do pré-pandemia: +18,7%

📈 Setores em alta:

  • Serviços prestados às famílias: +1,0%
  • Serviços profissionais e administrativos: +0,4%
  • Transportes e correio: +0,2%
  • Outros serviços: +0,6%

📉 Setor em queda:

  • Informação e comunicação: -0,5%

🚗 Transportes:

  • Passageiros: +0,3% no mês / +8,0% em 12 meses
  • Cargas: +0,6% no mês / +2,1% em 12 meses

🌎 Turismo:

  • Crescimento de 0,8% em agosto
  • 11,5% acima do nível pré-pandemia

Redação:
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