O Ministério da Saúde emitiu um alerta para que estados e municípios reforcem a vigilância e as ações de imunização contra o sarampo, após a confirmação de 34 casos no país até o início de outubro. Segundo a pasta, nove casos foram importados, 22 estão ligados a contatos com pessoas infectadas no exterior e três apresentaram compatibilidade genética com vírus em circulação fora do Brasil. Tocantins, Maranhão e Mato Grosso já foram classificados como estados em surto.
A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, alertou que o retorno do sarampo é consequência direta da queda na cobertura vacinal. “Antes, o vírus entrava e não encontrava espaço para circular, porque a maioria da população estava imunizada. Agora ele chega e encontra muitas pessoas suscetíveis”, explicou.
Em Tocantins, o surto começou em julho, em Campos Lindos, após o retorno de quatro brasileiros que estiveram na Bolívia. No Maranhão, um caso foi registrado em Carolina, na divisa com o Tocantins, e no Mato Grosso três membros de uma mesma família foram infectados em Primavera do Leste, todos não vacinados.
De acordo com a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), a cobertura da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) caiu em 2025 para 91,2% na primeira dose e 74,6% na segunda — abaixo da meta de 95%. O Ministério da Saúde considera que o cenário evidencia vulnerabilidade à reintrodução do vírus e pede reforço nas campanhas de imunização.
Isabella Ballalai destaca ainda que a falta de percepção de risco é um dos principais entraves. “Quando o perigo parece distante, as pessoas não se mobilizam. Só quando há surtos e mortes é que voltam a procurar os postos de vacinação”, afirmou.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o mundo registrou mais de 164 mil casos confirmados de sarampo em 173 países em 2025. As regiões mais afetadas são o Mediterrâneo Oriental, a África e a Europa. Nas Américas, 11,6 mil casos foram confirmados, com surtos ativos na Bolívia, Paraguai e Peru.
Fonte: Agência Brasil