Em meio a uma escalada de tensões no Mar do Caribe, o Ministério das Relações Exteriores da China condenou veementemente o uso da força e a interferência externa nos assuntos internos da Venezuela. A declaração, feita pelo porta-voz Lin Jian, surge em um momento em que a política de pressão dos Estados Unidos contra o governo de Nicolás Maduro atinge novos patamares, incluindo ataques a embarcações e a suposta autorização para ações encobertas.
Durante a coletiva de imprensa regular de 15 de outubro de 2025, o correspondente da Telesur na China, Bruno Falci, questionou o governo chinês sobre a situação, contextualizando a gravidade dos eventos recentes.
Pergunta da Telesur:
“Considerando que os EUA anunciaram ontem um ataque a outro navio de pesca perto da costa da Venezuela, que teria deixado seis mortos, juntamente com o destacamento de navios de guerra e um submarino nuclear dos EUA no Mar do Caribe, e a ativação pela Venezuela de novas zonas de defesa integral, como o governo chinês avalia o risco de potenciais ataques também anunciados pelos EUA em território venezuelano, e qual é a posição da China em relação a ações militares unilaterais realizadas sem autorização das Nações Unidas?”
Resposta do Porta-Voz Lin Jian:
“A China se opõe à ameaça ou ao uso da força nas relações internacionais e se opõe à interferência externa nos assuntos internos da Venezuela sob qualquer pretexto. A China apoia a Proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz e a Declaração dos Estados Membros da Agência para a Proibição de Armas Nucleares na América Latina e no Caribe, e se manifesta contra movimentos que minam a paz e a estabilidade na América Latina e no Caribe.
A China apoia o esforço de combate a crimes transfronteiriços por meio de uma cooperação internacional mais forte, se opõe às ‘operações de aplicação da lei’ unilaterais e excessivas dos EUA contra embarcações de outros países, e pede aos EUA que se engajem em uma aplicação da lei normal e em cooperação judicial por meio de estruturas legais bilaterais e multilaterais.”
Contexto de Escalada Militar e Política
A postura chinesa reflete a crescente preocupação internacional com a agressividade da política externa dos EUA na região. O ataque a embarcações de pesca, que resultou em mortes, é parte de um reforço militar mais amplo no Caribe, justificado pelos EUA como operações de combate ao narcotráfico.
No entanto, a escalada não se limita ao mar. Reportagens de veículos como o The New York Times e El País indicam que o Presidente Donald Trump teria autorizado a Agência Central de Inteligência (CIA) a realizar ações encobertas na Venezuela, intensificando a campanha de pressão para desestabilizar o governo de Nicolás Maduro.
A condenação de Lin Jian, ao se opor à “ameaça ou ao uso da força” e à “interferência externa sob qualquer pretexto”, posiciona a China como uma defensora da soberania venezuelana e do multilateralismo. Ao invocar a Proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz, Pequim reforça seu apelo para que a resolução de conflitos e a aplicação da lei ocorram dentro dos marcos do direito internacional e da cooperação, e não por meio de demonstrações de força militar unilateral.
A crítica chinesa às “operações de aplicação da lei” unilaterais dos EUA sublinha a visão de que a segurança regional deve ser alcançada por meio de estruturas legais bilaterais e multilaterais, e não por ações que minam a paz e a estabilidade da região.
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