A aprovação de Donald Trump está derretendo. Segundo a mais recente pesquisa YouGov/The Economist, que acompanha semanalmente a opinião pública americana, o presidente registra apenas 39% de aprovação contra 56% de desaprovação, resultando em uma aprovação líquida negativa de -16 pontos percentuais. Trata-se da pior marca de qualquer presidente americano nas últimas décadas no mesmo período de mandato. Para efeito de comparação, Barack Obama tinha aprovação líquida de +7% nesta altura de seu governo, enquanto Joe Biden, que enfrentou problemas significativos de popularidade, registrava -7%.
A deterioração acelerada da imagem de Trump é puxada principalmente pela economia, mas agora também pela crescente percepção de violação de direitos civis. A aprovação negativa se espalha por praticamente todos os estados americanos, com pouquíssimas exceções. Na Califórnia, o estado mais populoso do país, a aprovação líquida de Trump é de -32%. Em Illinois, cuja capital Chicago enfrenta tensões com a ameaça de envio de tropas federais pelo presidente, a rejeição líquida atinge -29,8%. Os dados revelam uma insatisfação profunda e generalizada com a condução do governo.
O perfil da rejeição a Trump é revelador. A desaprovação é especialmente forte entre mulheres, negros, hispânicos e jovens até 29 anos. Um dado particularmente interessante é que Trump enfrenta maior rejeição justamente entre os eleitores de alta renda: entre aqueles que ganham mais de 100 mil dólares por ano, 58% desaprovam o presidente. Considerando que os Estados Unidos possuem uma classe média ampla e robusta, essa rejeição entre os segmentos mais abastados da sociedade é significativa. A polarização política americana também atinge níveis impressionantes: enquanto 95% dos eleitores de Kamala Harris desaprovam Trump, 84% dos seus próprios eleitores ainda o aprovam, evidenciando a profunda divisão do país.
Tradicionalmente, questões de política interna americana não exercem grande influência sobre a política brasileira. Desta vez, porém, a situação é diferente. A extrema-direita brasileira se amarrou e se vinculou profundamente à figura de Donald Trump, e com a facilidade proporcionada pela internet e pela inteligência artificial na tradução e disseminação de informações, os acontecimentos nos Estados Unidos chegam ao Brasil com rapidez e clareza sem precedentes. A deterioração democrática em curso nos Estados Unidos está sendo acompanhada em tempo real. No próximo dia 18 de outubro, grandes manifestações contra Trump estão programadas, o que deve intensificar ainda mais a pressão sobre o presidente e seus aliados.
A piora contínua da aprovação de Trump tende a se refletir diretamente nos grupos políticos que se vincularam a ele no exterior, particularmente no Brasil. A extrema-direita brasileira, que apostou suas fichas na associação com o trumpismo, enfrentará um verdadeiro “barco” político. A tendência é de um refluxo da extrema-direita no mundo inteiro, impulsionado pela deterioração acelerada da imagem de Trump tanto nos Estados Unidos quanto internacionalmente. O que parecia ser uma onda conservadora global começa a mostrar sinais claros de esgotamento, e aqueles que atrelaram seus destinos políticos ao líder americano podem pagar um preço alto por essa escolha.
Íntegra do relatório Yougov.