A Petrobras recebeu autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para realizar perfurações exploratórias na região da Foz do Amazonas, próxima à costa do Amapá. O aval, confirmado pela empresa nesta segunda-feira (20), permite a abertura de poços em águas profundas para pesquisa geológica. A estatal afirmou que os trabalhos começam de imediato e devem durar cerca de cinco meses, sem previsão de início da produção de petróleo neste momento.
A área é considerada uma das fronteiras mais promissoras da Petrobras e compartilha características geológicas com a Guiana, onde a Exxon Mobil vem explorando grandes campos de petróleo. O objetivo da operação é obter dados sobre o potencial da bacia e avaliar se há reservas em escala comercial.
A decisão, no entanto, ocorre em meio a forte controvérsia. A rede Observatório do Clima classificou a liberação como um “sabotagem” à COP30 — conferência climática global que será sediada no próximo mês em Belém (PA). Segundo a entidade, o licenciamento apresenta “ilegalidades e falhas técnicas” e será contestado judicialmente por movimentos sociais.
“A medida é desastrosa e contradiz o papel de liderança climática que o Brasil pretende exercer”, afirmou o grupo em nota. Durante a COP30, o país deve defender a aceleração da transição mundial para fontes limpas de energia, mas a exploração de petróleo na Amazônia tem sido vista por ambientalistas como um retrocesso.
Para obter o licenciamento, a Petrobras realizou em agosto um teste de resposta emergencial a acidentes ambientais. Embora tenha sido aprovada, a empresa precisou refazer parte do plano de resgate de fauna. Em comunicado divulgado nesta segunda, a estatal declarou ter “cumprido integralmente as exigências estabelecidas pelo Ibama”, assegurando que o processo seguiu os mais altos padrões técnicos.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a autorização foi concedida com base em uma “defesa técnica sólida”, garantindo que a exploração ocorra “com responsabilidade ambiental e dentro dos mais altos padrões internacionais”.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, celebrou o resultado como “uma conquista para a sociedade brasileira”. Segundo ela, “a pesquisa permitirá comprovar a existência de petróleo na porção brasileira dessa nova fronteira energética global”.
A decisão reforça o desafio do governo brasileiro de equilibrar suas metas de desenvolvimento energético com os compromissos ambientais assumidos em fóruns internacionais — um equilíbrio que promete dominar o debate na COP30, em plena Amazônia.