Ibama autoriza Petrobras a perfurar na foz do Amazonas e reacende debate ambiental às vésperas da COP30

Foto: REUTERS/Sergio Moraes

A Petrobras recebeu autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para realizar perfurações exploratórias na região da Foz do Amazonas, próxima à costa do Amapá. O aval, confirmado pela empresa nesta segunda-feira (20), permite a abertura de poços em águas profundas para pesquisa geológica. A estatal afirmou que os trabalhos começam de imediato e devem durar cerca de cinco meses, sem previsão de início da produção de petróleo neste momento.

A área é considerada uma das fronteiras mais promissoras da Petrobras e compartilha características geológicas com a Guiana, onde a Exxon Mobil vem explorando grandes campos de petróleo. O objetivo da operação é obter dados sobre o potencial da bacia e avaliar se há reservas em escala comercial.

A decisão, no entanto, ocorre em meio a forte controvérsia. A rede Observatório do Clima classificou a liberação como um “sabotagem” à COP30 — conferência climática global que será sediada no próximo mês em Belém (PA). Segundo a entidade, o licenciamento apresenta “ilegalidades e falhas técnicas” e será contestado judicialmente por movimentos sociais.

“A medida é desastrosa e contradiz o papel de liderança climática que o Brasil pretende exercer”, afirmou o grupo em nota. Durante a COP30, o país deve defender a aceleração da transição mundial para fontes limpas de energia, mas a exploração de petróleo na Amazônia tem sido vista por ambientalistas como um retrocesso.

Para obter o licenciamento, a Petrobras realizou em agosto um teste de resposta emergencial a acidentes ambientais. Embora tenha sido aprovada, a empresa precisou refazer parte do plano de resgate de fauna. Em comunicado divulgado nesta segunda, a estatal declarou ter “cumprido integralmente as exigências estabelecidas pelo Ibama”, assegurando que o processo seguiu os mais altos padrões técnicos.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a autorização foi concedida com base em uma “defesa técnica sólida”, garantindo que a exploração ocorra “com responsabilidade ambiental e dentro dos mais altos padrões internacionais”.

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, celebrou o resultado como “uma conquista para a sociedade brasileira”. Segundo ela, “a pesquisa permitirá comprovar a existência de petróleo na porção brasileira dessa nova fronteira energética global”.

A decisão reforça o desafio do governo brasileiro de equilibrar suas metas de desenvolvimento energético com os compromissos ambientais assumidos em fóruns internacionais — um equilíbrio que promete dominar o debate na COP30, em plena Amazônia.

Lucas Allabi: Jornalista em formação pela PUC-SP e apaixonado pelo Sul Global. Escreve principalmente sobre política e economia. Instagram: @lu.allab
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.