A Petrobras enfrenta dias decisivos em sua estratégia de expansão exploratória na Margem Equatorial, uma das áreas mais promissoras do país para descoberta de petróleo.
A estatal aguarda que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) emita, até terça-feira (21), a licença ambiental necessária para perfurar um poço exploratório na Foz do Amazonas, segundo informou o jornal O Globo.
O cronograma é apertado: o contrato de aluguel da sonda de perfuração vence na mesma data. Se o prazo não for cumprido, a empresa poderá perder o equipamento, o que implicaria reinício do processo de licenciamento ambiental e prejuízos bilionários.
Ibama considera esclarecimentos suficientes
Na última quinta-feira (16), a Petrobras informou que o Ibama considerou suficientes os esclarecimentos técnicos enviados pela companhia sobre o pedido de licença. Representantes das duas instituições se reuniram na quarta-feira (15) para discutir ajustes nos protocolos ambientais e de segurança.
Em nota, a estatal confirmou ter atendido integralmente às exigências do órgão regulador.
“Todos os pontos foram esclarecidos e considerados suficientes para dar seguimento ao processo”, declarou a companhia.
O aval do Ibama é o último passo antes da autorização definitiva para iniciar a perfuração, que marcará o primeiro teste operacional da Petrobras na área.
Contagem regressiva e risco operacional
O principal desafio é o vencimento do contrato de locação da sonda, que permanece ancorada na Foz do Amazonas à espera da liberação. Caso a licença não seja emitida até o dia 21, a sonda poderá ser retirada da região, interrompendo o planejamento da estatal.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, demonstrou preocupação com o impasse:
“Se a gente não começar a perfurar até o dia 21, essa sonda pode ser retirada da locação. E, se isso ocorrer e for substituída por outra sonda no futuro, o processo de licenciamento começa tudo de novo.”
O cenário pressiona a equipe técnica e a diretoria da estatal, que consideram a operação estratégica para a reposição de reservas e para o futuro energético do país.
Custos bilionários em jogo
O investimento total previsto para a perfuração do primeiro poço na Foz do Amazonas é de R$ 842 milhões. Somente com o aluguel da sonda, a Petrobras já desembolsou R$ 543 milhões, o equivalente a cerca de R$ 4 milhões por dia.
O atraso na autorização, portanto, representa impacto financeiro direto e pode comprometer o cronograma de exploração da Margem Equatorial, planejado para ser a nova fronteira petrolífera brasileira.
Margem Equatorial: a nova aposta energética do Brasil
A Margem Equatorial compreende uma faixa de bacias sedimentares entre o Amapá e o Rio Grande do Norte, estendendo-se até o litoral do Maranhão. É considerada por especialistas a principal fronteira de exploração offshore do país.
Estudos preliminares indicam similaridades geológicas com áreas do litoral da Guiana e do Suriname, onde foram descobertas grandes reservas de petróleo na última década. O avanço na exploração poderia garantir novas fontes de receita, aumentar a autossuficiência energética e gerar empregos diretos e indiretos na região Norte.
O governo federal também enxerga o projeto como uma alternativa de crescimento econômico alinhada à transição energética — desde que as exigências ambientais sejam rigorosamente cumpridas.
Resistência ambiental e debate político
O projeto, contudo, divide opiniões dentro do próprio governo. Setores ambientais e organizações civis alertam para riscos à fauna marinha, aos ecossistemas costeiros e às comunidades tradicionais da Foz do Amazonas.
O Ibama, sob forte pressão pública, busca equilibrar as demandas de preservação ambiental e desenvolvimento econômico. Ambientalistas defendem a realocação das atividades exploratórias para áreas de menor sensibilidade ecológica, enquanto a Petrobras argumenta que os protocolos adotados são compatíveis com os mais altos padrões internacionais.
O que está em jogo
O impasse envolve mais do que um simples licenciamento. A decisão do Ibama sobre a Foz do Amazonas será um teste político e técnico para a relação entre governo e Petrobras, num momento em que o país busca atrair investimentos em energia e infraestrutura sem comprometer metas de sustentabilidade.
Se a licença for concedida até terça-feira, a Petrobras poderá iniciar imediatamente a perfuração exploratória, abrindo caminho para novas campanhas na Margem Equatorial. Caso contrário, a estatal enfrentará um hiato operacional e financeiro que pode postergar a expansão exploratória por meses ou até anos.
📊 Resumo do cenário:
Decisão esperada: até terça-feira (21)
Local: Foz do Amazonas, Margem Equatorial
Investimento total: R$ 842 milhões
Custo da sonda: R$ 543 milhões (R$ 4 milhões/dia)
Risco: perda da sonda e reinício do licenciamento
Impacto: atraso em nova fronteira de exploração de petróleo
Tensão: equilíbrio entre avanço energético e preservação ambiental