O senador Rodrigo Paz, de 58 anos, foi eleito novo presidente da Bolívia neste domingo (19), ao vencer o segundo turno contra Jorge Tuto Quiroga com 54% dos votos. Moderado, mas alinhado a propostas econômicas liberais, Paz chega ao poder após quase duas décadas de governos de esquerda, prometendo “destravar” a economia e promover um ambiente de negócios mais aberto, com menos burocracia e maior incentivo ao setor privado.
O novo presidente, que assume o cargo em 8 de novembro, propõe cortes de impostos, estímulo ao crédito e descentralização orçamentária entre regiões e províncias. Ele afirma que pretende desregulamentar a economia sem abandonar políticas de proteção aos mais pobres. “Queremos trabalhar com todos, produzir com todos e crescer com todos. O que buscamos é nos diferenciar dos modelos que polarizaram o país nas últimas décadas”, disse Paz durante a campanha.
A vitória de Paz marca o fim da hegemonia do Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo Morales e Luis Arce, que governou a Bolívia desde 2005. Dividido internamente e enfraquecido, o MAS obteve menos de 4% dos votos no primeiro turno. Analistas avaliam que a transferência do voto popular — especialmente das classes médias e trabalhadores urbanos — foi determinante para o resultado. “Paz conseguiu capturar o voto, tanto rural quanto urbano, que o MAS perdeu”, afirmou o cientista político Eduardo Gamarra, da Universidade de Pittsburgh.
Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, Rodrigo Paz cresceu entre diferentes países latino-americanos durante o período de ditaduras militares bolivianas. De volta ao país nos anos 1980, formou-se em Relações Internacionais nos Estados Unidos e construiu carreira política em Tarija, onde foi vereador, prefeito e senador.
Ao tomar posse, Paz enfrentará o desafio de equilibrar suas promessas de liberalização econômica com a necessidade de conter a inflação, estabilizar a moeda e reduzir a informalidade — que ainda representa mais de 80% da economia boliviana, segundo a Organização Internacional do Trabalho. “O que importa para mim é que as pessoas comam e possam trabalhar, que o Estado não estrague a vida delas”, afirmou o presidente eleito, em uma de suas falas de campanha.