Petrobras define data para iniciar produção de petróleo na Margem Equatorial após licença histórica do Ibama

Foto: REUTERS/Sergio Moraes

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a produção de petróleo na Margem Equatorial poderá começar até 2033, desde que as etapas de exploração, licenciamento e aprovação regulatória avancem dentro dos prazos estabelecidos. A declaração foi feita em entrevista à CNN Brasil, logo após a estatal anunciar a liberação da licença ambiental do Ibama para perfurar um poço exploratório no bloco FZA-M-059, localizado em águas profundas do litoral do Amapá.

Segundo Chambriard, a fase inicial será totalmente voltada à perfuração de poços exploratórios, processo que pode se estender por até três anos.

“Se o processo correr bem e as licenças saírem no prazo, entre sete e oito anos”, explicou a executiva, ao detalhar o cronograma que pode levar à produção comercial até o início da próxima década.


Primeiras etapas: perfuração e avaliação geológica

Com a licença concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Petrobras iniciará imediatamente a sondagem em águas profundas. O ponto de exploração fica a cerca de 500 quilômetros da foz do rio Amazonas e a 175 quilômetros da costa do Amapá.

A perfuração, com duração estimada de cinco meses, visa avaliar a presença de petróleo e gás natural em escala econômica. Caso os resultados confirmem a viabilidade, a estatal passará à fase de planejamento, com a elaboração de um Plano de Desenvolvimento a ser validado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Cada nova etapa exigirá novos licenciamentos ambientais — incluindo autorizações para instalação de plataformas, oleodutos e gasodutos — até a transição para a fase de produção comercial.

“Uma conquista da sociedade brasileira”, diz Magda Chambriard

Durante a entrevista, a presidente da Petrobras destacou que a autorização do Ibama vai além de um avanço técnico, representando um marco para o país e para o setor energético.

“É uma conquista da sociedade brasileira e revela o compromisso das instituições nacionais com o diálogo e com a viabilização de projetos que possam representar o desenvolvimento do país”, afirmou Chambriard.


A executiva ressaltou também que o processo de licenciamento comprovou a robustez das medidas de segurança ambiental implementadas pela companhia.

“Nesse processo, a companhia pôde comprovar a robustez de toda a estrutura de proteção ao meio ambiente que estará disponível durante a perfuração em águas profundas do Amapá. Vamos operar na Margem Equatorial com segurança, responsabilidade e qualidade técnica. Esperamos obter excelentes resultados nessa pesquisa e comprovar a existência de petróleo na porção brasileira dessa nova fronteira energética mundial”, declarou.


Estrutura ambiental e controle operacional

O Ibama autorizou a operação após cinco anos de trâmites e análises técnicas. A Petrobras realizou, em agosto, uma Avaliação Pré-Operacional (APO), simulando um cenário de emergência ambiental para demonstrar a eficácia de seus planos de resposta e contingência.

O processo incluiu consultas a órgãos ambientais estaduais e federais, além da participação de representantes das comunidades costeiras do Amapá e do Pará. A companhia reforçou que equipamentos de contenção, monitoramento e resposta a vazamentos estarão posicionados em pontos estratégicos da costa norte.

Margem Equatorial: a nova fronteira energética do Brasil

A Margem Equatorial — faixa litorânea que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte — é considerada uma das últimas grandes fronteiras exploratórias de petróleo no mundo. A região apresenta características geológicas semelhantes às da costa da Guiana e do Suriname, onde empresas internacionais já fizeram descobertas significativas de óleo leve e de alta qualidade.

Segundo relatório do Itaú BBA, o potencial de reservas na Margem Equatorial pode chegar a 5,7 bilhões de barris de petróleo. Se confirmada, essa estimativa representaria um incremento de 34% nas reservas nacionais e de 58% nas reservas da própria Petrobras, colocando o Brasil em nova posição de destaque no mercado global de energia.

Investimentos e riscos ambientais

O investimento previsto para a perfuração do primeiro poço no bloco FZA-M-059 é de R$ 842 milhões, segundo estimativas da estatal. Apenas com o aluguel da sonda, a Petrobras já desembolsou R$ 543 milhões, cerca de R$ 4 milhões por dia.

A empresa reforça que a operação seguirá padrões internacionais de segurança, incluindo monitoramento remoto em tempo real, barreiras duplas de contenção e planos de evacuação imediata em caso de emergência.

Organizações ambientais, no entanto, seguem cautelosas com o avanço da exploração. Grupos ligados à defesa da biodiversidade marinha e comunidades tradicionais do litoral norte do Brasil alertam para possíveis impactos sobre a fauna e os ecossistemas sensíveis da região amazônica.

O Ministério do Meio Ambiente acompanha o processo e defende conciliação entre desenvolvimento energético e proteção ambiental, em linha com os compromissos de transição energética justa assumidos pelo governo federal.

O que vem a seguir

Com a licença de operação já emitida e a sonda posicionada na locação do poço, a Petrobras inicia uma nova fase na exploração da Margem Equatorial. Caso as etapas transcorram sem atrasos, a companhia estima iniciar a produção comercial de petróleo até 2033, marcando uma década de preparação técnica e regulatória.

A estatal também planeja expandir estudos em outros blocos da região, incluindo áreas no Rio Grande do Norte, Ceará e Pará-Maranhão, consolidando a Margem Equatorial como um dos pilares de sua estratégia de crescimento até 2050.

“Vamos explorar de forma responsável e sustentável. O Brasil precisa conhecer o potencial de suas novas fronteiras energéticas para garantir segurança e soberania”, concluiu Magda Chambriard.


📊 Resumo do projeto da Margem Equatorial:

Bloco: FZA-M-059 (Amapá)

Distância da costa: 175 km

Licença ambiental: concedida pelo Ibama

Duração da perfuração: cerca de 5 meses

Investimento estimado: R$ 842 milhões

Previsão de início da produção: até 2033

Potencial de reservas: 5,7 bilhões de barris (Itaú BBA)

Redação:
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