O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou que os Estados Unidos têm ampliado o interesse em acessar minerais estratégicos e terras raras brasileiros, insumos considerados essenciais para a indústria de alta tecnologia e a transição energética mundial.
Em entrevista à Record News, repercutida pelo Estadão Conteúdo, Alckmin destacou que o tema já integra o diálogo econômico permanente entre Brasil e EUA, que buscam aprofundar a cooperação em energia, inovação e sustentabilidade.
“A discussão já faz parte do diálogo econômico entre os dois países. Ambos buscam ampliar a cooperação em áreas de energia, inovação e sustentabilidade”, afirmou o ministro.
Parceria estratégica e energia limpa
De acordo com Alckmin, o Brasil reúne vantagens competitivas únicas no cenário global por aliar potencial mineral e matriz energética renovável. Ele ressaltou que essa combinação pode atrair novos investimentos internacionais, especialmente de parceiros como os Estados Unidos, que enfrentam dependência da China na cadeia global de fornecimento de minerais críticos.
“O Brasil tem energia abundante e energia limpa — renovável, eólica, solar e hidrelétrica. Há um espaço enorme de bom entendimento com os Estados Unidos”, disse o presidente em exercício.
Os minerais estratégicos citados por Alckmin incluem níquel, lítio, nióbio, cobre e grafite, além das terras raras, fundamentais para a fabricação de baterias, semicondutores, turbinas e veículos elétricos. O governo brasileiro tem buscado estimular a mineração sustentável e criar cadeias industriais locais que aumentem o valor agregado desses recursos.
Brasil quer liderar produção de combustível sustentável
Alckmin também destacou a importância de o Brasil assumir protagonismo na produção de combustível sustentável de aviação (SAF), considerado uma das principais soluções para reduzir emissões de carbono no transporte aéreo.
“Só Brasil, Índia e Estados Unidos têm escala para produzir o combustível sustentável de aviação”, afirmou.
O SAF (Sustainable Aviation Fuel) é produzido a partir de biomassa, etanol e resíduos agrícolas, e pode reduzir em até 80% as emissões de gases de efeito estufa em comparação ao querosene fóssil. Segundo o ministro, o país reúne as condições ideais — abundância de matéria-prima e matriz energética renovável — para liderar a transição no setor aeronáutico.
Essa visão é compartilhada por representantes da indústria e do agronegócio, que veem no biocombustível de aviação uma oportunidade de gerar exportações de alto valor e empregos qualificados.
COP30: vitrine da economia verde brasileira
O presidente em exercício também apontou a COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro de 2025, como um marco estratégico para impulsionar a economia verde brasileira e consolidar a imagem do país como liderança global na agenda climática.
“A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas representa uma avenida de oportunidades de investimento para o Brasil”, destacou.
O evento deve reunir líderes mundiais, investidores e organizações ambientais, fortalecendo o debate sobre bioeconomia, transição energética e proteção da Amazônia. O governo aposta que a conferência estimulará novos compromissos de financiamento e parcerias internacionais, com foco na redução do desmatamento e na ampliação de energias limpas.
Brasil entre os protagonistas da transição energética
As declarações de Alckmin reforçam a estratégia do governo de posicionar o Brasil como potência verde e fornecedor global de energia limpa e insumos estratégicos. Nos últimos meses, o país intensificou o diálogo com os Estados Unidos, União Europeia e Índia sobre minerais críticos e cadeias de suprimento sustentáveis.
O Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento também vêm negociando acordos bilaterais de cooperação tecnológica, que podem incluir transferência de conhecimento e investimentos em pesquisa e inovação.
“O Brasil tem tudo para ser um grande fornecedor de energia limpa e minerais sustentáveis, pilares essenciais da nova economia global”, reforçou o ministro.
📊 Pontos-chave da fala de Alckmin:
EUA buscam acesso a minerais estratégicos brasileiros, incluindo terras raras.
Parcerias bilaterais com foco em energia limpa, inovação e sustentabilidade.
Brasil pode liderar a produção de combustível sustentável de aviação (SAF).
COP30 em Belém deve impulsionar investimentos e a economia verde nacional.
Combinação entre potencial mineral e energia renovável é o trunfo brasileiro.