Ciro Gomes volta ao PSDB após 35 anos e partido aposta em Aécio, Richa e Perillo para escapar do colapso em 2026

O PSDB tenta se reerguer após perder os três governadores conquistados em 2022, apostando no resgate de nomes históricos que marcaram sua trajetória política. Segundo informações do jornal O Globo, a legenda oficializa nesta quarta-feira (22) a filiação do ex-ministro Ciro Gomes, em evento em Fortaleza, e trabalha para relançar candidaturas de antigos caciques como Marconi Perillo (GO), Beto Richa (PR) e Aécio Neves (MG) nas eleições de 2026.

Ciro Gomes retorna ao PSDB após 35 anos

Ciro Gomes retorna ao PSDB 35 anos depois de sua primeira eleição como governador do Ceará, em 1990, quando foi um dos mais jovens mandatários do país. Em declarações recentes, ele deixou em aberto a possibilidade de disputar a Presidência da República, mas a cúpula tucana tenta convencê-lo a concorrer novamente ao governo estadual.

A direção nacional acredita que Ciro pode liderar a oposição ao governador Elmano de Freitas (PT), com quem tem divergências em áreas como segurança pública, infraestrutura e educação.

“A volta de Ciro é simbólica. Representa o reencontro do partido com suas origens e com o debate de projetos de país”, avaliou um dirigente tucano ouvido por O Globo.


PSDB aposta na “velha guarda” para 2026

O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, confirmou que será candidato ao governo de Goiás no próximo ano. Ele comandou o estado por quatro mandatos e foi um dos nomes mais influentes da legenda durante o auge do partido.

Perillo foi investigado pela Operação Lava Jato, mas o caso foi arquivado pela Justiça Eleitoral em 2024, o que o liberou para retornar à linha de frente das disputas estaduais.

Outro ex-governador que tenta retomar protagonismo político é Beto Richa, atualmente deputado federal pelo Paraná. Ele também foi alvo da Lava Jato e chegou a ser preso, mas as ações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“Vontade eu tenho, mas eleição para governador depende de um leque de alianças político-partidárias que viabilizem uma candidatura”, afirmou Richa, sinalizando disposição para disputar o governo do Paraná.


Aécio Neves volta ao comando do partido

Em Minas Gerais, o deputado federal Aécio Neves é cotado para disputar o governo estadual em 2026, mas deve assumir antes a presidência nacional do PSDB, substituindo Marconi Perillo em dezembro.

Ex-governador de Minas entre 2003 e 2010, Aécio recuperou influência interna após o arquivamento das investigações da Lava Jato e voltou a atuar como articulador de alianças regionais.

Dirigentes tucanos afirmam que o partido precisa de candidaturas competitivas aos governos estaduais e ao Senado para fortalecer a bancada federal e superar a cláusula de barreira, que garante acesso ao fundo partidário e ao tempo de TV.

“O PSDB nasceu com o DNA de eleger nomes ao Executivo, mas a sobrevivência do partido está ligada a eleger nomes ao Legislativo”, afirmou Paulo Serra, ex-prefeito de Santo André e cotado para disputar o governo de São Paulo.


Metas e desafios da legenda

Para manter o registro partidário e o acesso ao fundo eleitoral, o PSDB precisará eleger ao menos 13 deputados federais em nove estados — desempenho equivalente ao de 2022, quando conquistou o mesmo número de cadeiras em sete unidades da federação.

A estratégia é combinar figuras conhecidas com novos quadros regionais, ampliando a presença da legenda em redutos onde perdeu espaço para o PL e o PSD.

Articulações no Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, o deputado Luciano Vieira (Republicanos-RJ) deve se filia​​r ao PSDB nesta sexta-feira (24) e já articula o retorno do ex-prefeito Cesar Maia ao partido. A ideia é lançá-lo ao Senado em 2026, em uma chapa apoiada por lideranças tucanas e por aliados da família Maia.

Cesar Maia, que foi vice na chapa de Marcelo Freixo (PSB) em 2022, está atualmente no PSD do prefeito Eduardo Paes — com quem o PSDB busca estreitar laços para futuras alianças estaduais.

Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados, afastou-se da política após presidir a Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), cargo que deixou na semana passada.

“O retorno de Cesar e Luciano seria simbólico. Eles representam a ponte entre o PSDB histórico e o novo ciclo que o partido tenta construir”, disse um aliado do grupo no Rio.


A tentativa de renascimento tucano

O movimento de retomada de antigos nomes mostra que o PSDB busca na experiência de suas lideranças tradicionais uma forma de sobrevivência política. Após décadas de protagonismo nacional — que incluiu dois mandatos presidenciais com Fernando Henrique Cardoso —, o partido enfrenta um dos períodos mais críticos de sua história, com queda nas bancadas estaduais e federais, perda de influência em capitais e crise de identidade programática.

A legenda tenta agora reconstruir sua base regional, reforçar a marca de centro moderado e recuperar o espaço perdido para a direita populista e o centrismo pragmático.

“O PSDB vive um momento de transição. O desafio é provar que ainda há espaço para um partido de centro reformista, com discurso de gestão e responsabilidade fiscal”, afirmou um ex-governador tucano à reportagem.


📊 Resumo da reestruturação tucana:

Ciro Gomes retorna ao PSDB e pode disputar o governo do Ceará.

Marconi Perillo será candidato ao governo de Goiás.

Beto Richa avalia concorrer ao governo do Paraná.

Aécio Neves deve reassumir a presidência nacional do partido em dezembro.

Paulo Serra é cotado para o governo de São Paulo.

Cesar Maia pode ser lançado ao Senado pelo Rio de Janeiro.

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