As petroleiras CNOOC e Sinopec, duas das maiores companhias de energia da China, venceram o leilão do bloco de Ametista, localizado na Bacia de Santos, durante o 3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha (OPP), promovido nesta quarta-feira (22) pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no Rio de Janeiro.
Segundo informações do portal Petronotícias, o consórcio chinês, liderado pela CNOOC — com 70% de participação e a operação do bloco — e pela Sinopec, com os 30% restantes, apresentou a única proposta para a área, ofertando 9% de excedente em óleo à União, percentual que define a fatia da produção destinada ao governo federal.
O resultado reforça a expansão das petroleiras asiáticas no mercado brasileiro, especialmente em projetos de exploração do pré-sal, considerado uma das maiores reservas de petróleo em águas ultraprofundas do mundo.
Bloco de Ametista: nova aposta chinesa no pré-sal
O bloco Ametista integra a Bacia de Santos, uma das áreas mais estratégicas para a exploração offshore no Brasil. O consórcio liderado pela CNOOC será responsável por investimentos em estudos geológicos e sísmicos, seguidos de perfis exploratórios em águas profundas, com alto potencial de retorno econômico.
As companhias chinesas já possuem forte presença na costa brasileira — a CNOOC é parceira da Petrobras no campo de Búzios, enquanto a Sinopec mantém participação em projetos na Bacia de Campos e no Nordeste. A aquisição do bloco Ametista reforça o interesse da China em ampliar sua influência no setor energético brasileiro, num momento de transição global para novas fontes de energia.
“Esse movimento confirma a estratégia de diversificação das petroleiras chinesas e o interesse crescente da Ásia no pré-sal brasileiro”, destacaram analistas do setor.
Leilão teve sete blocos ofertados
O 3º Ciclo da OPP ofertou sete blocos no polígono do pré-sal, sendo Esmeralda e Ametista na Bacia de Santos e Citrino, Itaimbezinho, Ônix, Larimar e Jaspe na Bacia de Campos.
No total, 15 empresas nacionais e estrangeiras estavam habilitadas a participar da disputa, entre elas Petrobras, 3R Petroleum, BP Energy, Chevron, CNOOC, Ecopetrol, Equinor, Karoon, Petrogal, Petronas, Prio, QatarEnergy, Shell, Sinopec e TotalEnergies.
A Petrobras marcou seu retorno às licitações do pré-sal após dois anos sem participar de leilões. A estatal brasileira arrematou dois blocos — Citrino e Jaspe —, sendo um deles em consórcio com a norueguesa Equinor, reforçando sua estratégia de retomar protagonismo exploratório nas bacias do Sudeste.
Como funciona a Oferta Permanente de Partilha
A Oferta Permanente de Partilha (OPP) é atualmente o principal modelo de licitação de blocos de petróleo e gás no Brasil. Diferentemente das rodadas tradicionais, esse formato mantém as áreas disponíveis de forma contínua, permitindo que empresas interessadas apresentem ofertas a qualquer momento, desde que estejam previamente habilitadas pela ANP.
O modelo é baseado no regime de partilha de produção, que define a divisão da produção entre as empresas contratadas e a União.
Nesse sistema, o consórcio vencedor tem direito a uma parte da produção necessária para recuperar seus custos de investimento — o chamado custo em óleo — e o volume restante é dividido entre a empresa e o governo federal, conforme o percentual de excedente em óleo ofertado.
“O vencedor é sempre aquele que oferece o maior percentual de excedente em óleo à União, respeitando o valor mínimo estabelecido em edital”, explicou a ANP durante o evento.
Expansão asiática e o peso estratégico do pré-sal
A entrada das petroleiras chinesas na Bacia de Santos reflete a crescente importância do Brasil no mapa global da energia. O país possui campos de alta produtividade e baixo custo operacional, fatores que tornam o pré-sal um dos ativos mais disputados do mundo.
A CNOOC e a Sinopec já haviam demonstrado interesse em expandir seus investimentos na América Latina, e o novo contrato consolida o avanço da China como potência energética global — ao mesmo tempo em que fortalece os laços econômicos com o Brasil.
Segundo especialistas, a participação de empresas estrangeiras, especialmente da Ásia e do Oriente Médio, diversifica a base de operadores, aumenta a competitividade e traz novas tecnologias de perfuração e exploração.
“A presença chinesa é estratégica tanto para o Brasil quanto para Pequim: o país asiático garante acesso a reservas estáveis de petróleo, enquanto o Brasil amplia sua capacidade de investimento e geração de receitas”, analisam consultores do setor.
Próximos passos e perspectivas
Com o resultado do 3º Ciclo da OPP, a ANP deve homologar os contratos de partilha até o primeiro trimestre de 2026. A partir daí, começam os estudos sísmicos detalhados e as análises ambientais necessárias para o início das perfurações exploratórias.
O governo brasileiro vê o leilão como um sinal de confiança internacional no ambiente regulatório e nas reservas do pré-sal, que continuam a atrair capitais estrangeiros mesmo diante das discussões sobre transição energética.
O bloco Ametista, em especial, é considerado um dos mais promissores entre os ofertados, devido à sua posição geológica e proximidade com áreas já produtivas da Bacia de Santos.
📊 Resumo do 3º Ciclo da OPP:
Bloco conquistado: Ametista (Bacia de Santos)
Consórcio vencedor: CNOOC (70%) e Sinopec (30%)
Oferta: 9% de excedente em óleo à União
Blocos ofertados: 7 (Santos e Campos)
Participantes habilitadas: 15 empresas
Investimento estimado: bilhões de reais em exploração e desenvolvimento
Operador brasileiro em destaque: Petrobras, com dois blocos adquiridos