Gleisi reage a Ciro Gomes e diz que “ameaça e destempero” nunca abalaram o PT

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, respondeu nesta quinta-feira (23) às críticas do ex-ministro Ciro Gomes, recém-filiado ao PSDB, e afirmou que as declarações do político cearense “nunca atingiram o PT”. Em entrevista à CNN Brasil, Gleisi classificou o comportamento de Ciro como uma mistura de “ameaça e destempero”, afirmando que o partido segue coeso e fortalecido no governo federal.

“Ameaça e destempero fazem parte da personalidade dele. Isso nunca atingiu o PT, que continua firme e forte à frente do governo do Brasil”, declarou a ministra, em resposta direta às falas do ex-governador do Ceará.


Reação às declarações no ato de filiação

O comentário de Gleisi foi uma reação ao discurso de Ciro Gomes durante sua cerimônia de filiação ao PSDB, realizada na quarta-feira (22), em Fortaleza (CE). O evento marcou o retorno de Ciro ao partido após 35 anos, reunindo lideranças históricas como o senador Tasso Jereissati e nomes ligados à direita, entre eles o deputado André Fernandes (PL-CE), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Durante o discurso, Ciro fez críticas diretas ao governo federal e aos seus antigos adversários políticos, afirmando que “não havia ladrões na cerimônia”, em referência velada ao Partido dos Trabalhadores.

A declaração foi interpretada como uma provocação aberta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos aliados petistas, reacendendo tensões antigas entre Ciro e o PT.

PT mantém coesão e foco no governo

Gleisi Hoffmann destacou que, apesar das críticas, o PT mantém unidade interna e estabilidade política. A ministra afirmou que o governo federal está concentrado em entregar resultados econômicos e sociais, sem se deixar afetar por ataques de antigos aliados ou opositores.

“O PT continua liderando o governo com firmeza. Estamos focados em melhorar a vida do povo brasileiro, e é isso que realmente importa”, afirmou.


A ministra também lembrou que Ciro Gomes já fez parte do campo progressista, mas escolheu seguir outro caminho. “Ele tem direito às suas opiniões, mas o PT continua sendo o partido que conduz o país com responsabilidade e compromisso com a democracia”, acrescentou.

Nos bastidores do Planalto, interlocutores próximos de Gleisi afirmam que a ministra considera as falas de Ciro como parte de um movimento político pessoal, sem impacto real sobre a base governista.

Ciro e o novo rumo político

Após romper com o PDT no início deste mês, Ciro Gomes oficializou seu ingresso no PSDB, partido pelo qual se elegeu governador do Ceará em 1990. O movimento é visto como uma tentativa de reconstruir sua trajetória política após o desempenho abaixo do esperado nas eleições presidenciais de 2022, quando terminou em quarto lugar.

Desde então, Ciro tem mantido um discurso de forte crítica ao governo Lula, acusando o PT de “hegemonismo político” e “corrupção estrutural”. Apesar disso, ainda não definiu se será candidato à Presidência da República ou ao governo do Ceará em 2026.

Fontes próximas afirmam que Ciro monitora o cenário nacional antes de decidir, mas que a tendência é disputar o governo estadual, em oposição ao petista Elmano de Freitas, atual governador e aliado de Lula.

“O PSDB me acolhe com respeito e liberdade. Estou voltando para construir uma alternativa que resgate o desenvolvimento e a ética na política”, declarou Ciro durante o ato de filiação.


Ciro e o PSDB: reaproximação histórica

A volta de Ciro Gomes ao PSDB representa um reencontro político com figuras tradicionais da legenda. O atual presidente do partido, Marconi Perillo, tem buscado revitalizar o PSDB com o retorno de antigos quadros, como Beto Richa, Aécio Neves e o próprio Ciro, numa tentativa de recuperar relevância eleitoral após a perda dos governos estaduais em 2022.

O partido pretende lançar candidaturas competitivas aos governos estaduais e ao Senado, mirando atingir a cláusula de barreira e ampliar sua bancada federal. Ciro é visto internamente como um ativo político de projeção nacional, capaz de fortalecer o discurso tucano de “centro reformista” e atrair parte do eleitorado que se afastou após a polarização entre PT e PL.

“O PSDB quer voltar a ocupar espaço no debate nacional, e figuras como Ciro Gomes simbolizam essa retomada”, avaliou um dirigente tucano ouvido pelo jornal O Globo.


Contexto político e reações no governo

A fala de Ciro ocorre em um momento de reconfiguração das forças políticas no país, com a direita fragmentada e a centro-esquerda buscando consolidar alianças para 2026. Dentro do governo, auxiliares de Lula afirmam que as declarações de Ciro não geram preocupação, sendo vistas como estratégia de visibilidade pessoal.

“Ciro tenta se reposicionar no cenário político, mas o PT não será seu contraponto prioritário. O partido seguirá governando com foco nos resultados econômicos e sociais”, disse um assessor do Planalto sob reserva.


A ministra Gleisi Hoffmann, que preside o PT nacionalmente, reforçou a mensagem de estabilidade:

“O PT tem história, tem base social e tem governo. Nenhuma provocação externa vai mudar isso.”


📊 Resumo da troca de declarações:

Gleisi Hoffmann: diz que Ciro mistura “ameaça e destempero” e que o PT segue “firme e forte”.

Ciro Gomes: afirmou em evento do PSDB que “não havia ladrões” na cerimônia.

Cenário: Ciro analisa candidatura ao governo do Ceará em 2026.

Contexto: PSDB tenta retomar protagonismo político e atrair nomes históricos.

Redação:
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