Governo Lula coopera com a segurança do Rio desde 2023

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta terça-feira (28) que o governo federal jamais negou qualquer pedido de cooperação ou ajuda apresentado pelo governo do Estado do Rio de Janeiro. Em entrevista coletiva concedida em Brasília, o ministro disse ainda não ter recebido solicitação nem aviso prévio sobre a operação policial deflagrada pelo governo fluminense nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em 64 mortos e 81 presos.

“O Governo do Brasil jamais negou um pedido de cooperação ou ajuda feito pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro”, declarou o ministro.


Lewandowski enfatizou que o Ministério da Justiça mantém presença permanente no estado desde 2023, por meio da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), e reforçou o compromisso com uma atuação integrada entre União e estados.

Proposta de cooperação e PEC da Segurança Pública

Durante a entrevista, Lewandowski destacou a proposta da PEC da Segurança Pública, apresentada por ele no ano passado ao Congresso Nacional, que busca aperfeiçoar o sistema nacional de segurança e criar mecanismos de atuação coordenada e científica entre União, estados e municípios.

Segundo o ministro, o objetivo é combater o crime organizado como um fenômeno globalizado, que exige inteligência e integração institucional.

“O crime organizado não é um fenômeno estadual ou nacional. É globalizado. Por isso, precisa de uma resposta articulada, com cooperação entre todas as esferas de governo”, afirmou.


Força Nacional atua no Rio desde 2023

De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), a Força Nacional atua no Rio de Janeiro desde outubro de 2023, conforme a Portaria nº 766, de 12 de dezembro do mesmo ano. A operação está vigente até 16 de dezembro de 2025, podendo ser renovada.

“Desde 2023, foram 11 solicitações de renovação da FNSP no território fluminense. Todas foram acatadas”, informou o MJSP em nota.


O ministério reforçou que nenhum pedido relacionado à operação desta terça-feira foi encaminhado pelo governo estadual.

Resultados das operações federais

Lewandowski apresentou ainda dados das ações da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no estado, que apontam resultados expressivos no enfrentamento ao tráfico de drogas e armas.

Apenas em 2025, 178 operações da PF foram realizadas no Rio de Janeiro — 24 delas diretamente ligadas ao combate ao tráfico. Essas ações resultaram em 210 prisões, incluindo 60 ligadas a investigações sobre drogas e armamentos, além da apreensão de 10 toneladas de entorpecentes e 190 armas de fogo, entre elas 17 fuzis e 600 peças de armamento capazes de montar 30 novas armas.

Entre 2024 e 2025, foram 855 mandados de prisão cumpridos, com destaque para:

Operação Forja, que desmantelou uma fábrica clandestina de fuzis com capacidade de produção de 3.500 armas por ano;

Operações Buzz Bomb e Libertatis, que prenderam operadores de drones de facções criminosas.


A PF também mantém duas operações conjuntas com as forças estaduais — FICCO/RJ e Redentor —, voltadas à repressão de facções e lavagem de dinheiro.

Já a PRF, entre janeiro de 2023 e outubro de 2025, recuperou 3.082 veículos roubados, apreendeu 13.961 munições, 72 fuzis e 29,5 toneladas de maconha, além de R$ 3,2 milhões em valores ilícitos.

Investimentos federais e uso de recursos estaduais

O MJSP também divulgou dados sobre os repasses federais para o Rio de Janeiro.
Pelo Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), o estado recebeu R$ 99 milhões entre 2016 e 2024, valor que, com rendimentos, ultrapassa R$ 143 milhões — mas apenas R$ 39 milhões foram utilizados, restando R$ 104 milhões disponíveis.

Já pelo Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), o Rio recebeu R$ 331 milhões desde 2019, com R$ 174 milhões ainda não executados.

Além dos repasses, o estado foi beneficiado com doações de equipamentos, como veículos, computadores, drones, coletes e munições, avaliados em cerca de R$ 10 milhões.

Integração e inteligência contra o crime organizado

O Ministério da Justiça destacou ainda a criação de estruturas integradas de inteligência em parceria com o governo fluminense. Entre elas:

Célula Integrada de Localização e Captura de Foragidos, voltada à identificação e prisão de criminosos de outras regiões abrigados em comunidades do Rio;

Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra), responsável por rastrear recursos e descapitalizar facções criminosas.


Até setembro de 2025, o Cifra havia analisado 59 relatórios de inteligência financeira do Coaf, envolvendo operações suspeitas que somam mais de R$ 65 bilhões, com 423 documentos produzidos e compartilhados com órgãos parceiros.

O Rio também está integrado à Rede Nacional de Unidades Especializadas de Enfrentamento das Organizações Criminosas (Renorcrim) e à Rede Nacional de Recuperação de Ativos (Recupera).

Cooperação com o governo fluminense

Lewandowski lembrou ainda que, em fevereiro de 2025, recebeu o governador Cláudio Castro no Ministério da Justiça e ofereceu dez vagas em presídios federais para transferência de líderes criminosos.

“A missão é a cooperação total entre União e o Rio de Janeiro. Estamos empenhados em combater o crime de forma cooperativa e integrada”, declarou o ministro após o encontro.


Compromisso federal e próximos passos

O Ministério da Justiça reafirmou, em comunicado, seu compromisso com o estado do Rio de Janeiro, destacando que as ações federais visam fortalecer o combate ao crime organizado, reduzir índices de criminalidade e garantir segurança à população.

“Com investimentos significativos e esforços contínuos, o MJSP permanece empenhado em assegurar resultados efetivos e contribuir para a preservação da ordem pública no Estado do Rio de Janeiro”, diz o texto.


A declaração de Lewandowski ocorre em meio à crise política e institucional gerada pela operação mais letal da história fluminense e pelas críticas do governador Cláudio Castro à ausência de apoio federal.

O Planalto reafirma que todas as solicitações formais foram atendidas e que a União segue à disposição para ampliar a cooperação — desde que dentro dos parâmetros legais e técnicos estabelecidos.

Redação:
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