O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) apresentou nesta terça-feira (28) uma notícia de fato à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG). O pedido foi motivado por uma reportagem do Diário do Centro do Mundo (DCM) que apontou supostas ligações entre o parlamentar e empresários investigados por cartelização e fraude fiscal no setor de combustíveis em Minas Gerais.
Segundo o documento protocolado por Correia, empresas e empresários ligados a Ciro Augusto Bergomi Picarro e Augusto Joaquim Picarro — ambos citados em decisões do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) — teriam fornecido imóveis, apoio logístico e recursos à estrutura eleitoral de Nikolas Ferreira durante as campanhas de 2020 e 2022. O deputado também menciona o empresário Ronosalto Pereira Neves, do grupo Mart Minas, citado em delações da Operação Greenfield e em investigações ligadas à JBS.
A representação solicita que a PGR acione o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Receita Federal, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o Cade e a Polícia Federal para rastrear possíveis fluxos financeiros irregulares entre os empresários e o deputado. O objetivo, afirma Correia, é verificar se houve financiamento ilegal de campanha e eventual influência de grupos econômicos ilícitos sobre a atividade política.
A reportagem do DCM revelou ainda que imóveis utilizados por Nikolas Ferreira nas campanhas estariam registrados em nome de empresas investigadas na Operação Mão Invisível, que desarticulou um cartel de combustíveis em Minas. Um dos endereços, segundo a apuração, teria funcionado como o “QG Bolsonaro” em Belo Horizonte.
Para Rogério Correia, a investigação é “fundamental para proteger a moralidade pública e a integridade das instituições democráticas”. O petista também destacou que a denúncia é o primeiro pedido formal de apuração contra Nikolas Ferreira no STF baseado em informações levantadas por veículos independentes.
A PGR deverá analisar o pedido nos próximos dias e decidir se abre inquérito para investigar o caso. Fontes do próprio órgão indicam que a Procuradoria pode solicitar documentos adicionais à Justiça Eleitoral mineira para examinar possíveis irregularidades nas prestações de contas do parlamentar.