Barril de Brent volta a ser negociado acima dos US$ 64, enquanto WTI se firma sobre os US$ 60, após dados sobre reservas americanas desafiarem previsões de excesso de oferta. O mercado de petróleo, que vinha em uma trajetória cinzenta, respirou aliviado e viu seus principais indicadores subirem nesta quarta-feira, 29 de outubro de 2025. Após três sessões consecutivas de perdas, os preços do barril encontraram força em dois pilares inesperados: uma queda drástica nas reservas dos Estados Unidos e um novo sopro de otimismo vindo das negociações comerciais entre Washington e Pequim.
O grande motor do dia foi, sem dúvida, o relatório da Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA). Os dados divulgados hoje caíram como uma bomba nas mesas dos operadores, revelando que os estoques de petróleo bruto, gasolina e destilados no país caíram muito mais do que qualquer analista havia previsto.
A expectativa do mercado apontava para uma modesta redução de 211.000 barris nos estoques de petróleo bruto. O que o relatório mostrou, no entanto, foi um abismo: uma queda de quase 7 milhões de barris na semana passada.
Essa diferença gritante forçou uma reavaliação imediata do cenário global. Nos últimos meses, o consenso do mercado era de que o mundo caminhava para um “grande excedente” de petróleo. Essa visão era alimentada pelo aumento da produção do grupo OPEP+ e pelo bombeamento recorde nos próprios Estados Unidos.
O relatório da EIA, no entanto, colocou essa narrativa em xeque.
“Onde está o excesso de oferta?”, questionou Phil Flynn, analista do Price Futures Group, logo após a divulgação dos números. A pergunta de Flynn ecoou pelo mercado, que agora começa a duvidar da própria existência desse excedente. “Quanto mais tempo demorar para o excesso de oferta aparecer, mais duvidaremos de sua existência”, completou o analista.
A análise foi complementada por Giovanni Staunovo, analista do UBS. Para ele, os dados da EIA não apontam apenas para uma redução na oferta, mas, crucialmente, para uma “forte demanda implícita” por petróleo.
A combinação de estoques despencando e uma demanda aquecida, segundo Staunovo, criou um cenário “muito positivo” para a valorização do petróleo bruto.
Enquanto os dados técnicos davam o primeiro empurrão, o ânimo do mercado foi sustentado por notícias vindas da frente geopolítica. O presidente Donald Trump adotou um “tom otimista” sobre as cruciais negociações com seu homólogo chinês, Xi Jinping.
As conversas, agendadas para esta quinta-feira durante uma cúpula na Coreia do Sul, são vistas como essenciais para “aliviar a incerteza econômica” global. Uma trégua ou avanço na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo sinalizaria um aumento na atividade industrial e, consequentemente, na demanda por energia.
Para adicionar contexto a este encontro, foi na mesma cúpula que os Estados Unidos e a Coreia do Sul finalizaram os detalhes de um complexo acordo comercial bilateral.
Impulsionados por essa tempestade perfeita de dados favoráveis, os mercados fecharam no azul pela primeira vez esta semana:
- Brent (futuros): O barril de referência global subiu 52 centavos, ou 0,81%, fechando em US$ 64,92.
- WTI (EUA, futuros): O petróleo West Texas Intermediate ganhou 33 centavos, ou 0,55%, estabelecendo-se em US$ 60,48.
- Mix Mexicano (exportação): A mistura mexicana teve uma alta mais tímida, de 0,05% (3 centavos), fechando em US$ 57,56 por barril.