O Brasil alcançou em 2025 o menor índice de desmatamento em unidades de conservação federais da Amazônia desde 2008, segundo dados divulgados pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O levantamento mostra avanços significativos nas políticas ambientais e de fiscalização promovidas pelo governo federal.
Entre agosto de 2024 e julho de 2025, foram registrados 134 quilômetros quadrados de desmatamento em unidades de conservação da Amazônia e 31 quilômetros quadrados no Cerrado, conforme o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). As reduções representam quedas de 74% e 62%, respectivamente, em comparação com 2022 — período em que o ICMBio intensificou as ações de controle e proteção ambiental.
O presidente do ICMBio, Mauro Pires, afirmou que os números demonstram a eficácia das unidades de conservação no combate ao desmatamento. “Os dados atuais mostram que onde há unidade de conservação, cai o desmatamento, mesmo diante de pressões predatórias. A redução contínua dos últimos anos comprova que a estratégia do ICMBio está gerando resultado real e consistente”, declarou.
Presença do Estado e resultados práticos
Pires destacou que o fortalecimento da atuação do instituto nas áreas protegidas foi decisivo. “A retomada da presença do Instituto nos territórios tem sido essencial para esse resultado, com reforço da fiscalização, combate às ilegalidades, recomposição de conselhos participativos e aquisição de veículos e equipamentos”, disse.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, também celebrou o avanço. “A queda do desmatamento nas Unidades de Conservação federais em 2025 revela o compromisso do governo com a meta de zerá-lo até 2030. Essas áreas são fundamentais para proteger nossos biomas, garantir estabilidade climática e regular as chuvas, beneficiando toda a sociedade e a economia”, afirmou.
Segundo o INPE, o desmatamento total na Amazônia Legal caiu 11,08% em 2025, registrando a terceira menor taxa desde 1988. No Cerrado, a redução foi de 11,49%, mantendo a tendência de queda iniciada em 2023 após cinco anos de alta.
Nova política ambiental e COP30
O governo federal tem apostado em ampliar e consolidar as unidades de conservação como ferramenta de enfrentamento à crise climática. Desde 2023, foram criadas ou expandidas 14 unidades em diferentes biomas — incluindo Amazônia, Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica — além de áreas marinho-costeiras, somando cerca de 550 mil hectares. Também foram reconhecidas 59 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs).
Com esses resultados, o país chega à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém (PA), com uma mensagem voltada à proteção das florestas como estratégia central para conter as emissões de gases de efeito estufa.
“O que levamos à COP é uma mensagem de ação: investir na criação e consolidação das Unidades de Conservação é uma das formas mais eficazes de enfrentar a mudança do clima”, afirmou Mauro Pires.
Compromisso com comunidades da floresta
O marco foi celebrado no domingo (2) durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns e à Floresta Nacional do Tapajós, no oeste do Pará. Acompanhado de Marina Silva e Mauro Pires, o presidente destacou o papel das comunidades tradicionais na proteção da floresta e reafirmou o compromisso de fortalecer políticas públicas que conciliem conservação ambiental e desenvolvimento social.
“É preciso conhecer de perto a realidade dos povos da floresta e garantir que as políticas ambientais estejam ligadas à melhoria da qualidade de vida dessas comunidades”, afirmou Lula durante o evento.
O governo tem reiterado que o resultado reforça a meta de desmatamento zero até 2030, com a presença ativa do Estado nas áreas protegidas e a integração entre ações ambientais, sociais e econômicas.
Com os novos dados do INPE e a redução contínua das taxas de desflorestamento, o Brasil volta a ocupar uma posição de destaque nas negociações climáticas internacionais, apresentando evidências concretas de que políticas públicas estruturadas podem frear a destruição da floresta e contribuir para a estabilidade climática global.