Em entrevista divulgada pelo perfil oficial do governo dos Estados Unidos na rede X, o presidente Donald Trump afirmou acreditar que os dias de Nicolás Maduro no poder “estão contados”. A declaração ampliou o clima de tensão entre Washington e Caracas, em meio à intensificação das operações militares americanas no Caribe.
A informação foi publicada nesta segunda-feira (3) pelo portal G1, que reproduziu trechos da entrevista. Questionado por uma repórter se “os dias de Maduro como presidente estão contados”, Trump respondeu: “Diria que sim, acho que sim”. Quando indagado sobre possíveis ataques terrestres à Venezuela, o presidente preferiu não confirmar nem negar: “Porque eu não falaria para uma repórter o que eu atacaria”, disse.
Caribe em alerta
A escalada militar levou Trinidad e Tobago a colocar suas Forças Armadas em “alerta geral”. Em comunicado obtido pela agência AFP, o Exército determinou que todos os militares retornassem imediatamente às suas bases e se preparassem para “confinamento imediato”.
O alerta ocorre no contexto da mobilização americana na região, oficialmente voltada ao combate ao narcotráfico, mas interpretada por Caracas como uma “ameaça” e parte de um suposto plano de “mudança de regime”.
De acordo com o documento das Forças de Defesa de Trinidad e Tobago, “as TTDF estão em NÍVEL DE ALERTA UM. Todos os membros devem se apresentar em suas respectivas bases”. O texto também orienta os militares a “fazer arranjos com suas famílias e os preparativos pessoais necessários”.
Operação militar dos EUA amplia tensões
No mês anterior, Washington iniciou uma ampla operação naval no Caribe e no Pacífico Oriental contra embarcações suspeitas de envolvimento com o tráfico de drogas. Desde então, mais de 60 pessoas morreram.
O governo venezuelano acusa os Estados Unidos de utilizar a operação como pretexto para desestabilizar o país e tentar derrubar Maduro, enquanto nega qualquer envolvimento com o narcotráfico.
A presença de um navio de guerra norte-americano em exercícios conjuntos com Trinidad e Tobago foi classificada por Caracas como “provocação militar”. O Wall Street Journal informou que Washington avalia até bombardear bases venezuelanas, mas o Pentágono não confirmou a informação.
Exército americano divulga vídeos no Caribe
O Comando Sul dos Estados Unidos publicou imagens de fuzileiros navais realizando disparos com metralhadoras no Mar do Caribe. Segundo comunicado oficial, as forças estão destacadas “em apoio à missão do Comando Sul, às operações determinadas pelo Departamento de Guerra e às prioridades do presidente para interromper o tráfico ilícito e proteger o território americano”.
O reforço militar inclui destróieres equipados com lançadores de mísseis, caças F-35, um submarino nuclear e milhares de soldados. Desde setembro, dez embarcações suspeitas de tráfico foram bombardeadas, elevando as tensões diplomáticas entre Washington e Caracas.
Reação internacional
A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu que os Estados Unidos suspendam imediatamente os ataques a barcos suspeitos de tráfico. O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, classificou as ações como “execuções extrajudiciais”.
“Esses ataques, com seu crescente custo humano, são inaceitáveis. Os Estados Unidos devem pôr fim a tais ataques e adotar todas as medidas necessárias para evitar execuções extrajudiciais, independentemente de qualquer suposta atividade criminosa”, afirmou Türk em comunicado.
A Colômbia também condenou as ações americanas, alinhando-se à posição de Caracas ao denunciar uma tentativa de “mudança de regime” na Venezuela.