O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (6) que a Amazônia assume papel central no debate climático mundial, em mensagem publicada nas redes sociais no início da Cúpula dos Líderes da COP30.
“Chegou o dia. A COP do Brasil. A COP da Amazônia. A COP 30”, escreveu.
Para Lula, o encontro simboliza o momento em que a floresta “deixa de ser vista de longe” e se torna o “centro do mundo”, reunindo cultura, população e biodiversidade. “Cuidar da floresta é cuidar de gente. Vamos fazer história. Juntos.”
A reunião, realizada em Belém (PA), reúne mais de 50 chefes de Estado e governo e inaugura a etapa política da conferência climática. É a primeira vez que essa cúpula ocorre antes da abertura formal da COP, que seguirá com negociações entre 10 e 21 de novembro.
Cúpula não é deliberativa e define tom das negociações
De acordo com o Itamaraty, a cúpula tem o objetivo de orientar as delegações nos temas mais sensíveis, mas sem caráter decisório. “O que é deliberativo é a COP”, afirmou o embaixador Maurício Lyrio.
A antecipação dos discursos, segundo a diplomacia brasileira, deve permitir que os negociadores concentrem esforços nos pontos centrais da agenda climática nas próximas semanas — estratégia distinta de edições anteriores, como Glasgow e Dubai.
Fundo global para florestas deve ser anunciado
A programação da Cúpula dos Líderes inclui três mesas temáticas. Na sessão sobre florestas e oceanos, Lula deve lançar formalmente o Tropical Forests Forever Fund (TFFF), mecanismo internacional de financiamento para conservação das florestas tropicais. O fundo busca captar cerca de R$ 625 bilhões e funcionará como um investimento global de renda fixa, com pagamento anual por hectare preservado. Pelo menos 20% dos recursos serão destinados a povos indígenas e comunidades tradicionais.
Na mesa sobre transição energética, países discutirão metas de renováveis e eficiência até 2030, com destaque para o Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis (Belém 4x), iniciativa liderada por Brasil, Itália e Japão para quadruplicar o uso de combustíveis limpos até 2035.
A última sessão fará um balanço dos dez anos do Acordo de Paris e abordará as novas metas climáticas para 2035, com foco no Roteiro Baku–Belém, que propõe mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano para transformar o financiamento climático global.
Chefes de Estado participam; EUA e China ficam sem líderes
Ao todo, 143 delegações foram confirmadas. Estão em Belém Emmanuel Macron (França), Cyril Ramaphosa (África do Sul), Keir Starmer (Reino Unido), António Costa (Conselho Europeu) e Ursula von der Leyen (Comissão Europeia). O príncipe William representa o rei Charles III.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não enviará representantes de alto escalão. Já a China, cujo presidente Xi Jinping não comparecerá, optou por uma delegação técnica. A Argentina decidiu não participar.
Sinalização política antes das decisões
Embora sem caráter deliberativo, a cúpula é considerada decisiva para medir o engajamento dos países nos compromissos de adaptação, mitigação e financiamento climático.
Os discursos de abertura ficam a cargo de Lula e do secretário-geral da ONU, António Guterres, que deve reforçar a expectativa internacional de que a COP30 sirva como “ponto de virada” da diplomacia climática — da promessa à execução.