Com o enfraquecimento de Rodrigo Bacellar, o PL começa a testar o nome do ex-ministro Eduardo Pazuello como alternativa para disputar o governo do Rio em 2026
O tabuleiro político do Rio de Janeiro começa a ganhar novos contornos para a disputa pelo governo do estado em 2026. O Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, iniciou movimentos internos para testar a viabilidade do deputado federal Eduardo Pazuello como seu principal nome para a sucessão do atual governador, Cláudio Castro, também do PL, que não poderá concorrer à reeleição.
A mudança de rumo sinaliza uma guinada de estratégia. O partido praticamente abandonou a ideia de lançar o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar, cujo nome perdeu força nos bastidores após uma série de desentendimentos com o próprio governador Cláudio Castro. A confirmação dessa nova fase veio publicamente do senador Flávio Bolsonaro, que admitiu que a sigla está em busca de alternativas para o pleito estadual.
Um nome polêmico, mas com capital eleitoral
A ascensão de Pazuello no cenário político fluminense é um fenômeno que chama a atenção. O general da reserva, que enfrentou o auge da pandemia de Covid-19 no comando do Ministério da Saúde, decidiu estrear na política em 2022. Apesar das fortes críticas que marcaram sua gestão federal, ele conseguiu uma votação expressiva, elegendo-se como o segundo deputado federal mais votado do estado do Rio.
Sua figura é agora vista com um misto de cautela e expectativa dentro do partido. Por um lado, carrega o ônus das polêmicas da pandemia. Por outro, é considerado um ativo eleitoral valioso devido à sua ligação direta com Jair Bolsonaro e sua capacidade de mobilizar a base conservadora e setores militares, fundamentais em um colégio eleitoral do tamanho do Rio.
Bacellar perde espaço e PL busca planos B e C
O enfraquecimento de Rodrigo Bacellar não foi um processo isolado dentro do PL. Em seu próprio partido, o União Brasil, lideranças locais também passaram a preterir seu nome, reduzindo drasticamente as chances de que ele encabece uma campanha competitiva.
Com o vácuo deixado por Bacellar, o PL não coloca todas as suas fichas apenas em Pazuello. Outro nome que vem sendo testado em pesquisas de opinião é o do prefeito de Belford Roxo, Marcio Canella, um aliado histórico do bolsonarismo na Baixada Fluminense. A avaliação interna é a de que o partido precisa de um nome com força eleitoral para aglutinar o eleitorado conservador e manter a influência do movimento no estado.
O jogo de alianças e o futuro de Cláudio Castro
Enquanto o PL se reorganiza, o governador Cláudio Castro já mira o futuro pós-2026 e tem buscado estreitar relações com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). Paes, por sua vez, já declarou publicamente sua intenção de disputar o Palácio Guanabara, e mesmo contando com o apoio do PT, fez um aceno recente a Castro. Afirmou que pretende “caminhar junto a Castro, por amor ao Rio de Janeiro”, uma declaração que pode significar alianças inusitadas e um significativo realinhamento das forças políticas no estado.
A movimentação em torno de Eduardo Pazuello marca mais um capítulo na sua rápida ascensão política. Aos poucos, o ex-ministro tenta se consolidar como uma figura de peso, transformando sua notoriedade – seja ela marcada por feitos ou controvérsias – em capital político. A disputa pelo governo do Rio em 2026 promete ser um dos embates mais acirrados do país, com o PL tentando repetir o sucesso de 2022 e a oposição buscando unir forças para retomar o comando do estado.
Com informações de Guilherme Amado*