China ativa porta-aviões Fujian com catapultas eletromagnéticas e dá início a nova fase do poder naval no Pacífico

A China oficializou a entrada em operação do porta-aviões Fujian, o primeiro do país equipado com catapultas eletromagnéticas, sistema que inaugura um novo nível de capacidade militar para a Marinha chinesa. O navio foi comissionado na quarta-feira (5), durante cerimônia em Sanya, província de Hainan, com a presença do presidente Xi Jinping, informou a agência Xinhua e o jornal Global Times.

Com o Fujian, a China passa a operar três porta-aviões — Liaoning, Shandong e Fujian — consolidando-se entre as poucas nações com frota de grande porte capaz de realizar operações aéreas contínuas em mar aberto.

Cerca de 2 mil representantes da Marinha e das instituições envolvidas na construção participaram do evento, ressaltando a importância estratégica da incorporação do navio para o país.

Xi Jinping lidera evento e inspeciona a embarcação

Durante a cerimônia, Xi Jinping, que também é secretário-geral do Partido Comunista e presidente da Comissão Militar Central, entregou a bandeira da Marinha do Exército de Libertação Popular ao capitão e ao comissário político do Fujian. Em seguida, subiu no navio para inspecionar áreas operacionais e conversar com pilotos e oficiais.

No convés, estavam expostos modelos avançados de aeronaves navais, como J-35, J-15T e o avião de alerta antecipado KJ-600.

Xi incentivou os pilotos a “continuarem aprimorando suas habilidades e contribuindo para o fortalecimento da capacidade de combate do Fujian”.

A Xinhua informou que a adoção das catapultas eletromagnéticas foi uma decisão pessoal de Xi Jinping, que visitou a área de controle do sistema e acompanhou parte dos procedimentos operacionais. Ele também verificou acomodações de bordo, refeitórios e camarotes, gesto interpretado como sinal de atenção ao bem-estar da tripulação.

Avanço tecnológico e novo patamar para a Marinha chinesa

Lançado em 2022, o Fujian representa um salto na capacidade operacional da China. Enquanto os dois primeiros porta-aviões utilizam rampas de decolagem, o Fujian adota catapultas eletromagnéticas, tecnologia semelhante à empregada nos porta-aviões mais modernos dos Estados Unidos.

O especialista militar Zhang Junshe, citado pelo Global Times, afirmou que o Fujian marca “a transformação da Marinha chinesa de uma defesa costeira para uma defesa em mar aberto”. O analista destacou três pontos:

Decolagem com aeronaves totalmente abastecidas, ampliando o alcance e a autonomia operacional.

Aumento da taxa de operações aéreas devido à eficiência das catapultas.

Integração de um sistema de combate em mar aberto com o suporte do KJ-600.


Com deslocamento superior a 80 mil toneladas, o Fujian supera seus antecessores e fortalece a presença da China em rotas estratégicas do Pacífico e do Oceano Índico.

Treinamento e integração operacional

Em setembro, a Marinha chinesa anunciou que o Fujian concluiu o primeiro treinamento de decolagem e pouso assistido por catapulta envolvendo J-15T, J-35 e KJ-600. O exercício confirmou a integração entre o novo sistema de lançamento e as aeronaves desenvolvidas para operar no navio.

O analista militar Song Zhongping afirmou ao Global Times que o Fujian representa “a nova geração de porta-aviões chineses”, embora tenha destacado que a avaliação real virá por meio de treinamentos avançados e simulações de combate.

Implicações estratégicas e expansão naval

Assim como o Shandong, o Fujian foi comissionado em Sanya, área voltada para o Mar do Sul da China, região com disputas territoriais envolvendo diversos países asiáticos. Segundo Zhang Junshe, dois porta-aviões operando no mesmo porto permitirão à China formar grupos navais de duplo porta-aviões, estratégia que aumenta a capacidade de defesa e dissuasão.

“O comissionamento do Fujian torna possível a implantação de dois porta-aviões na Frota do Sul da Marinha do ELP, o que terá efeito estratégico de dissuasão sobre as forças secessionistas de ‘independência de Taiwan’ e países com intenções hostis contra a China”, afirmou Zhang.

Especialistas ressaltam que a frota de três porta-aviões atende ao mínimo necessário para manter uma força permanente — um navio em missão, outro em treinamento e um em manutenção.

Questionado sobre o possível quarto porta-aviões, que seria o primeiro de propulsão nuclear, o porta-voz do Ministério da Defesa, Zhang Xiaogang, disse não ter informações específicas, mas afirmou que o desenvolvimento segue critérios de segurança nacional e capacidade tecnológica.

Marco histórico da expansão militar chinesa

A entrada em operação do Fujian simboliza o amadurecimento industrial e militar da China. A tecnologia das catapultas eletromagnéticas coloca o país no seleto grupo de forças navais capazes de operar aeronaves em ritmo elevado e com maior autonomia, característica considerada essencial para ações de projeção de poder em águas distantes.

Para Pequim, o Fujian reforça o discurso oficial de “defesa nacional e manutenção da estabilidade regional”, enquanto amplia a capacidade do país de proteger rotas comerciais e interesses estratégicos.

O comissionamento do novo porta-aviões também demonstra que a China pretende acelerar o desenvolvimento de uma frota de longo alcance, elemento central em sua estratégia de se posicionar como potência global no século XXI.

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