COP 30: Lula deve propor pacto global para quadruplicar produção de combustíveis sustentáveis até 2035

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve apresentar, nesta sexta-feira (7), uma proposta para que mais de cem líderes internacionais firmem um pacto global para quadruplicar a produção de combustíveis sustentáveis até 2035. O anúncio ocorrerá na Cúpula do Clima, em Belém (PA), e é visto como estratégico pela indústria brasileira de bioenergia.

A iniciativa será lançada durante a sessão dedicada à transição energética, às 11h, segundo a Folha de S.Paulo. O governo pretende defender que, embora a eletrificação de veículos e sistemas industriais seja um dos pilares da descarbonização, setores como aviação, navegação, siderurgia e transporte rodoviário de longa distância ainda dependerão de combustíveis líquidos por décadas.

Impacto no agronegócio e na indústria automotiva

A proposta tem importância direta para a economia brasileira. Montadoras instaladas no país avaliam que um pacto internacional poderá ampliar o mercado global para veículos movidos a biocombustíveis, fortalecendo a relevância do etanol e de outras tecnologias flex. Para o agronegócio, o plano representa uma oportunidade de expandir as exportações de etanol e biodiesel, impulsionando a cadeia produtiva da bioenergia.

Base técnica e relatório da AIE

O apelo brasileiro se apoia em um relatório divulgado em outubro pela Agência Internacional de Energia (AIE). O estudo afirma que, caso todas as políticas já anunciadas sejam implementadas, a produção global de combustíveis sustentáveis pode quadruplicar até 2035 em relação aos níveis de 2024. A AIE ressalta, porém, que o avanço depende da remoção de barreiras de mercado e da criação de metas adaptadas às condições tecnológicas e econômicas de cada país.

O documento também destaca a importância de previsibilidade de demanda para aumentar a confiança de investidores, além de metodologias transparentes para medir emissões de carbono. O tema é sensível para o Brasil, que busca há anos o reconhecimento internacional da baixa pegada de carbono de seus biocombustíveis.

Apoio internacional e resistências

O pacto será estruturado como um compromisso aberto, permitindo adesão gradual. Até o momento, ao menos 12 países sinalizaram apoio, incluindo Itália e Japão, que integram a coalizão Belém 4x, voltada à expansão global dos combustíveis sustentáveis.

Ainda assim, há resistências significativas. A União Europeia tende a não aderir à iniciativa, sobretudo por influência da Alemanha, que mantém posição contrária ao uso de biocombustíveis derivados de cultivos comestíveis, como soja, milho, palma e cana-de-açúcar.

Marco diplomático

O governo brasileiro espera que a proposta apresentada por Lula marque uma nova etapa da cooperação internacional para a descarbonização, combinando eletrificação, inovação industrial e combustíveis de origem sustentável. A iniciativa deverá ser usada como um dos eixos centrais da diplomacia climática brasileira durante a COP30, que segue em Belém até 21 de novembro.

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