Preço do petróleo reflete o pulso da geopolítica

O preço do petróleo bruto sobe devido à redução dos estoques nos Estados Unidos / Reprodução

Alta no preço do petróleo reflete queda nos estoques dos EUA e otimismo em negociações entre Trump e Xi Jinping


Impulsionados por uma forte redução nos estoques de petróleo bruto e combustíveis nos Estados Unidos — um sinal de demanda aquecida — e pelo tom otimista do presidente Donald Trump sobre as negociações comerciais com o líder chinês Xi Jinping. O movimento trouxe alívio temporário aos investidores após dias de instabilidade no mercado global de energia.

De acordo com os dados divulgados pela Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA), os estoques de petróleo bruto caíram quase 7 milhões de barris na última semana, uma retração muito superior à previsão dos analistas, que esperavam apenas 211 mil barris. A surpresa nos números fez com que traders e analistas revisassem suas projeções para o setor, que vinha sendo pressionado pelo temor de um possível excesso de oferta.

Com a divulgação dos dados, o petróleo Brent teve valorização de 52 centavos (0,81%), alcançando US$ 64,92 por barril. Já o West Texas Intermediate (WTI), referência norte-americana, subiu 33 centavos (0,55%), sendo negociado a US$ 60,48. O mix de exportações mexicanas também registrou leve aumento de 0,05%, chegando a US$ 57,56 por barril, um avanço de três centavos.

A alta marcou uma interrupção na sequência de três sessões de queda e foi vista como um sinal de recuperação da confiança no mercado. Analistas destacam que a combinação entre a redução dos estoques e a expectativa positiva em torno da economia global ajudou a impulsionar o sentimento dos investidores.

“Onde está o excesso de oferta?”, questionou Phil Flynn, analista do Price Futures Group, ao comentar o relatório da EIA. “Quanto mais tempo demorar para esse excesso aparecer, mais duvidaremos de sua existência”, completou, sugerindo que o equilíbrio entre oferta e demanda pode estar mais ajustado do que se imaginava.

Para Giovanni Staunovo, analista do UBS, os números reforçam a percepção de que há uma forte demanda implícita por petróleo, o que deve sustentar os preços no curto prazo. “Combinado com a queda dos estoques, o relatório da EIA se mostrou muito positivo para o mercado”, avaliou.

O cenário ganhou ainda mais otimismo após declarações de Donald Trump, que demonstrou confiança em um resultado favorável nas conversas com o presidente chinês Xi Jinping, marcadas para esta quinta-feira durante uma cúpula na Coreia do Sul. Segundo Trump, as tratativas podem destravar avanços significativos nas relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo — um fator que tende a impactar diretamente o ritmo da atividade econômica global e, consequentemente, a demanda por energia.

Durante o mesmo encontro internacional, Estados Unidos e Coreia do Sul concluíram os detalhes de um complexo acordo comercial, reforçando o clima de cooperação econômica na região asiática.

O conjunto de fatores — menor oferta de petróleo, expectativas de crescimento global e acordos diplomáticos em andamento — reacendeu o ânimo dos investidores e trouxe um fôlego para o mercado de energia, que vinha sendo pressionado por preocupações com a produção da OPEP+ e os recordes de bombeamento nos Estados Unidos.

Em meio à volatilidade característica do setor, a quarta-feira foi marcada por uma trégua e uma mensagem clara: o mercado do petróleo, ainda que sensível às tensões geopolíticas, segue atento a cada sinal de equilíbrio entre produção e consumo.

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