Aos poucos, Jair Bolsonaro vem sendo abandonado por parlamentares aliados à medida que se aproxima o risco real de prisão. Dados obtidos pelo Estadão mostram que os pedidos de visita ao ex-presidente caíram 74% entre setembro e outubro deste ano.
Enquanto em setembro foram registrados 38 pedidos de encontros com Bolsonaro, em outubro esse número despencou para apenas 10. A redução drástica coincide com o avanço de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre sua participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 — especialmente após o ministro Alexandre de Moraes incluir o nome do ex-presidente na denúncia contra o núcleo central da trama.
A distância dos aliados também é perceptível em discursos no Congresso Nacional. Parlamentares que antes defendiam Bolsonaro com veemência passaram a evitar mencioná-lo publicamente ou a se limitar a declarações genéricas sobre “respeito às instituições”.
A tendência de isolamento ganhou força após a condenação de outros integrantes do gabinete do ódio e o decreto de prisões de figuras próximas ao ex-presidente. Com o STF sinalizando que pode autorizar a prisão de Bolsonaro ainda neste ano, muitos correligionários buscam se proteger politicamente, evitando associações que possam comprometer suas bases eleitorais ou futuras candidaturas.
Procurada, a assessoria de Bolsonaro não quis se manifestar sobre o afastamento político ou a queda nos pedidos de visita.