O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu nesta segunda-feira (10) o presidente interino da Síria, Ahmed al Sharaa, em uma reunião inédita na Casa Branca. Essa foi primeira visita de um líder sírio ao palácio presidencial americano desde a independência da Síria, em 1946.
Sharaa, que comandou a coalizão rebelde islamista responsável por derrubar Bashar al Assad após mais de uma década no poder, só pôde fazer a visita após ser retirado, na semana passada, da lista de terroristas dos EUA. Até dezembro de 2024, o FBI oferecia uma recompensa de US$ 10 milhões (cerca de R$ 53,1 milhões) por informações que levassem à sua captura.
A recepção foi discreta e desprovida do protocolo habitual para chefes de Estado. Sharaa chegou às 11h37 (horário local) por uma entrada secundária, sem ser recebido pessoalmente por Trump no pórtico, como é comum em encontros oficiais. Jornalistas também não tiveram acesso ao início da reunião no Salão Oval, uma prática habitualmente adotada em visitas diplomáticas de alto nível.
Apesar da postura reservada, Trump elogiou publicamente o líder sírio nos dias que antecederam o encontro. “Ele está fazendo um ótimo trabalho. É uma vizinhança difícil. E ele é um cara duro. Mas me dei muito bem com eles, e muito progresso foi feito com a Síria”, afirmou o presidente americano.
O grupo anteriormente comandado por Sharaa, o Hayat Tahrir al Sham (HTS), teve ligações históricas com a Al Qaeda, mas foi removido da lista de organizações terroristas dos EUA em julho. Na quinta-feira (6), o Conselho de Segurança da ONU, por iniciativa dos Estados Unidos, também suspendeu as sanções contra ele.
A Síria é governada por um Executivo interino desde a queda de Assad em dezembro de 2024, após quase 14 anos de guerra civil. Agora, o país negocia com Israel um acordo de segurança que prevê a retirada das forças israelenses das zonas do sul sírio ocupadas após o colapso do regime anterior.
Trump e Sharaa já haviam se encontrado em maio, durante a viagem do presidente americano a Riade. Na ocasião, Trump incentivou o líder sírio a aderir aos Acordos de Abraão — pacto que levou vários países árabes a normalizar relações com Israel em 2020.
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