A invasão de manifestantes ao espaço da COP30 em Belém na segunda-feira (10) gerou uma troca de acusações entre os poderes e a ONU sobre quem é responsável pela segurança do evento. O episódio ocorreu durante a cerimônia de abertura da conferência climática, quando um grupo de indígenas e ativistas interrompeu o discurso do secretário-geral da ONU, António Guterres.
Apesar de o evento ter ocorrido sem incidentes maiores, a ação provocou reações imediatas. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), criticou a postura do governo federal. “Não dá para fazer um evento desse porte sem segurança adequada. Quem organiza, quem coordena, quem convida, quem representa o país é o Executivo”, afirmou.
Por sua vez, o Planalto rebateu e destacou que a ONU tem autonomia para definir as regras de segurança dentro da chamada “Zona Azul” — área restrita onde ocorrem as negociações oficiais e os discursos de autoridades. A organização do evento é dividida: o Brasil, como país-sede, cuida da logística e da segurança periférica, mas a ONU é responsável pelo controle de acesso e pela segurança interna do pavilhão principal.
A assessoria da ONU no Brasil confirmou essa divisão de responsabilidades e lembrou que os manifestantes invadiram justamente o espaço sob sua jurisdição. A organização também afirmou que já havia solicitado reforço na segurança das entradas, mas não deu mais detalhes sobre a comunicação com as autoridades brasileiras.
Apesar da tensão, tanto o governo quanto a ONU evitaram aprofundar o conflito publicamente. Autoridades brasileiras reforçaram que a participação da sociedade civil é bem-vinda na COP30 e que a invasão não comprometeu a programação oficial. Já a ONU manteve o tom diplomático e não atribuiu culpa de forma explícita.