Quaest mostra queda na aprovação de Lula após declarações sobre segurança e megaoperação no Rio

RICARDO STUCKERT/PR

A nova pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (12) pelo portal g1, mostra que a avaliação positiva do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registrou nova oscilação negativa em novembro, após meses de relativa estabilidade.

De acordo com o levantamento, 47% dos brasileiros aprovam a atual gestão, enquanto 50% a desaprovam. Em outubro, os índices eram de 48% de aprovação e 49% de desaprovação.

O estudo foi realizado entre os dias 6 e 9 de novembro com 2.004 entrevistados em todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, e o nível de confiança é de 95%.


Operação no Rio e declarações de Lula afetaram percepção pública

Segundo o diretor da Quaest, Felipe Nunes, a recente megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, e as declarações de Lula sobre o tema impactaram negativamente a imagem do governo.

“Se o tarifaço mudou a trajetória da aprovação a favor do Lula, a pauta da segurança pública interrompeu a lua de mel tardia do governo com o eleitorado independente”, afirmou Nunes.

O presidente havia classificado a operação, que deixou mortos e mobilizou centenas de agentes, como “desastrosa”, posição que foi criticada por parte da opinião pública e por lideranças de segurança.


Queda entre independentes, mulheres e classes mais altas

O recuo mais expressivo da aprovação ocorreu entre eleitores independentes, mulheres e pessoas de renda mais alta.

Entre aqueles que ganham acima de cinco salários mínimos, a desaprovação chegou a 56%, enquanto 42% aprovam o governo.

Entre as mulheres, que em outubro mostravam leve maioria de aprovação, o cenário agora é de empate técnico: 51% aprovam e 46% desaprovam.

No grupo dos eleitores independentes, a desaprovação subiu quatro pontos, atingindo 52%, enquanto a aprovação recuou para 43%.


Avaliação por religião, renda e escolaridade

O levantamento mostra diferenças significativas de percepção entre os segmentos religiosos, de renda e escolaridade.

  • Católicos: empate técnico entre aprovação e desaprovação.
  • Evangélicos: o grupo segue majoritariamente crítico ao governo, com 58% de desaprovação e 38% de aprovação, embora a distância tenha diminuído.
  • Beneficiários do Bolsa Família: o apoio continua alto, com 65% de aprovação e 32% de desaprovação.
  • Ensino superior completo: 60% desaprovam o governo e 38% aprovam.
  • Ensino fundamental: 55% aprovam e 40% desaprovam a gestão.

Encontro com Trump e impacto na imagem internacional

A Quaest também avaliou a percepção dos brasileiros sobre o encontro entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ocorreu durante negociações sobre tarifas comerciais.

Para 45% dos entrevistados, Lula saiu mais fortalecido politicamente após a reunião. Outros 37% disseram que o encontro não alterou sua imagem, enquanto 12% consideraram que ele saiu enfraquecido.


Segurança pública ganha centralidade no debate nacional

A pesquisa revela que o tema da segurança pública passou a ocupar maior espaço nas preocupações da população.

  • 67% dos entrevistados disseram aprovar a megaoperação policial no Rio de Janeiro.
  • 57% discordaram da declaração de Lula de que a ação foi “desastrosa”.
  • A preocupação com a violência subiu de 30% para 38% desde o levantamento anterior.

Esse avanço fez da segurança um dos três principais problemas apontados pelos brasileiros, ao lado de economia e saúde.


Estabilidade com tendência de desgaste

Mesmo com oscilações pontuais, a avaliação geral do governo Lula segue relativamente estável desde julho, quando a aprovação oscilava entre 46% e 49%. No entanto, a tendência recente sugere maior desgaste entre eleitores moderados e urbanos, que foram decisivos na eleição de 2022.

Analistas políticos apontam que a retomada de temas econômicos e a redução das tarifas comerciais com os Estados Unidos, atualmente em negociação, podem ajudar o governo a recuperar parte do apoio perdido.


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