O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, presidiu nesta quinta-feira a assinatura da criação da “Comissão da Estratégia do Mercosul contra o Crime Organizado Transnacional” (CMCOT), em um encontro realizado no Palácio da Justiça, no âmbito da 54ª Reunião de Ministros do Interior e da Segurança Pública do Mercosul.
Segundo Lewandowski, o novo mecanismo permitirá a coordenação entre os Estados-partes e associados do Mercosul na “prevenção, investigação e repressão” de organizações criminosas que operam em mais de um país. “O combate ao crime organizado transnacional exige que ultrapassemos fronteiras”, afirmou o ministro.
Entre as diretrizes definidas estão reuniões periódicas da comissão — previstas a cada 18 meses —, a articulação entre ministérios de Justiça, Segurança Pública, polícias, promotorias e inteligência financeira dos países participantes, e a elaboração de uma estratégia regional com objetivos de curto, médio e longo prazo.
A criação da comissão aparece em meio a um contexto de preocupação regional com rotas transnacionais de tráfico, lavagem de dinheiro, exploração econômica e cooperação limitada entre países vizinhos. Lewandowski destacou que o Brasil, na presidência pro tempore do bloco, pretende integrar o plano doméstico de combate ao crime organizado com uma estratégia regional construída em conjunto com parceiros prioritários.
Além deste mecanismo-chave, a reunião aprovou declarações conjuntas para reforçar o combate ao tráfico de pessoas e à criminalidade ambiental, bem como assegurar a segurança de grandes projetos de integração logística como o Corredor Viário Bioceânico, apontado como suscetível a atividades criminosas.
Embora o anúncio tenha sido visto como um salto na cooperação regional, analistas apontam que sua efetividade dependerá de fatores práticos como financiamento, compatibilidade de sistemas de inteligência entre países e real vontade política para compartilhamento de informações sensíveis — temas que precisarão ser operacionalizados nos próximos meses.