O Morgan Stanley reforçou sua visão otimista para o mercado acionário brasileiro em 2026 e manteve o país como a principal aposta entre os mercados latino-americanos. Em relatório divulgado nesta segunda-feira (17), o banco projeta o Ibovespa em 200 mil pontos ao fim de 2026 — alta de 27% sobre o fechamento de sexta-feira, de 157.739 pontos — e afirma que o Brasil pode se tornar um destaque global caso consiga reduzir o custo de capital.
Segundo o banco, há um “caminho claro, embora estreito”, para que isso ocorra tanto no cenário-base quanto no cenário otimista, impulsionado por uma eventual mudança de política monetária. A instituição avalia que o mercado brasileiro pode acelerar a expansão dos múltiplos, especialmente se houver sinalização de queda nos juros.
Os brasileiros chegam a 2026 com a menor participação da história no mercado acionário e convivendo com algumas das maiores taxas de juros reais do mundo. Uma guinada na política monetária poderia reequilibrar a economia, destravar investimentos e permitir crescimento menos inflacionário, aponta o relatório.
O Morgan destaca que o mercado deve antecipar qualquer sinal de mudança. Para a equipe de estratégia, “o potencial existe”, e o Brasil pode repetir em 2026 o desempenho acima da média observado em 2025.
Para o banco, 2026 será um ano de transição e já incorpora parte das expectativas para 2027. Os estrategistas lembram que o ciclo eleitoral avança na região — Argentina já começou, Chile e Colômbia serão os próximos, e o Brasil terá eleição presidencial em outubro do ano que vem.
A austeridade fiscal é vista como ponto-chave para que o país atraia mais investimentos. Em um cenário otimista, a Bolsa brasileira poderia chegar a 240 mil pontos, enquanto no cenário pessimista cairia para 95 mil pontos.
Taxas reais entre 9% e 10%, com a Selic em 15% ao ano, colocam o Brasil como o país mais bem posicionado para redução do custo de capital, afirma o banco. O Morgan estima que US$ 6 bilhões a US$ 8 bilhões podem migrar de aplicações locais para ações em 2026 se os juros caírem cerca de 3,5 pontos percentuais.
O relatório destaca que apenas 4,5% do mercado de capitais brasileiro está alocado em ações locais — o menor percentual da história — e que 90% da dívida pública está nas mãos de investidores domésticos. Para o banco, esse desequilíbrio reforça o espaço para uma realocação que favoreça o mercado acionário.