Trump ameaça ‘derrubar’ países que mantêm relações comerciais com a Rússia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a declarar que pretende impor sanções a todos os países que continuarem fazendo negócios com a Rússia. A afirmação foi feita neste domingo (16), em resposta a perguntas de jornalistas sobre um projeto de lei em análise no Congresso norte-americano. Segundo Trump, a proposta tem seu apoio e poderia endurecer de forma significativa as pressões já adotadas por Washington. As informações são da RT.

Questionado sobre a medida, Trump afirmou: “Ouvi dizer que estão fazendo isso, e por mim tudo bem”. O presidente também disse que o projeto seria “muito rigoroso”. Ao citar outras nações que poderiam ser inseridas no conjunto de alvos, declarou: “Podem incluir o Irã nessa lista (…). Eu sugeri”. Na sequência, endureceu a posição: “Qualquer país que faça negócios com a Rússia será severamente sancionado”.

A fala ocorre em um momento de intensificação das pressões econômicas dos Estados Unidos contra Moscou, inserida em um contexto de tensão prolongada devido à guerra na Ucrânia e às disputas geopolíticas no Leste Europeu.

Congresso discute punições mais amplas a parceiros comerciais da Rússia

A proposta mencionada por Trump envolve uma iniciativa apresentada pelo senador republicano Lindsey Graham, apoiada também pelo democrata Richard Blumenthal. O texto autoriza o governo norte-americano a aplicar tarifas secundárias de, no mínimo, 500% a países que mantêm relações comerciais relevantes com a Rússia. Entre os países potencialmente afetados, estariam China, Índia e Brasil, todos ainda vinculados a Moscou por laços comerciais em setores como energia, fertilizantes e tecnologia.

A proposta também poderia elevar para 500% ou mais as tarifas sobre produtos russos que ainda entram no mercado norte-americano. Embora não haja previsão imediata de votação, a tramitação continua ativa e pode avançar a qualquer momento.

No fim de outubro, o líder da maioria no Senado, John Thune, declarou que o texto foi temporariamente suspenso, mas ressaltou que a discussão permanece na agenda legislativa. Mesmo sem novas medidas aprovadas, os Estados Unidos já ampliaram seu conjunto de restrições econômicas nas últimas semanas.

Novas sanções a empresas russas

No dia 22 de outubro, Washington aplicou novas sanções contra a Rosneft, a Lukoil e outras 34 subsidiárias de grandes empresas russas do setor energético. A justificativa apresentada pelo governo norte-americano é de que Moscou não estaria demonstrando empenho suficiente em negociações que pudessem levar ao fim do conflito na Ucrânia.

As sanções afetam diretamente o setor de petróleo e gás, considerado fundamental para a economia russa e para seu financiamento estatal. As medidas incluem bloqueio de ativos, restrições de transações e limitações para empresas e bancos que façam negócios com as companhias listadas.

Em 13 de novembro, o secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou que o arsenal de sanções norte-americanas está perto do limite. De acordo com Rubio, as opções disponíveis para novas restrições tornaram-se “muito limitadas”, devido ao grande número de medidas já adotadas desde o início da guerra.

Moscou afirma estar aberta ao diálogo

Apesar da escalada das sanções e das declarações de Washington, autoridades russas afirmam que o país continua disposto a negociar. Em setembro, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a Ucrânia poderá retornar às negociações em condições mais desfavoráveis se continuar evitando novas conversas.

O presidente russo, Vladimir Putin, tem argumentado que qualquer acordo duradouro deve abordar o que considera causas estruturais do conflito. Entre os pontos levantados por Putin estão a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em direção às fronteiras russas e questões envolvendo comunidades russófonas no território ucraniano.

Peskov também fez críticas à política de sanções. Em junho, afirmou que essas medidas representam “uma faca de dois gumes”. Ele declarou: “Quanto mais severo o pacote de sanções, que consideramos ilegal, mais severo o golpe no ombro, como um tiro”. O porta-voz também disse que Moscou só aceitará negociar diante de “lógica e argumentos”, e não por meio de “qualquer tipo de pressão ou força”.

Impactos possíveis na economia global e nas relações diplomáticas

A ameaça de impor sanções a países que mantêm relações comerciais com a Rússia amplia preocupações internacionais sobre os efeitos no comércio global. Países como China e Índia possuem fortes vínculos energéticos com Moscou, enquanto o Brasil mantém importações significativas de fertilizantes russos, produto crucial para o agronegócio brasileiro.

Analistas afirmam que medidas secundárias, como as previstas no projeto mencionado por Trump, poderiam gerar atritos diplomáticos e reorganizar fluxos comerciais em setores estratégicos. Também há preocupação quanto ao impacto sobre cadeias produtivas e sobre a inflação global, especialmente em áreas sensíveis como energia e alimentos.

Nos Estados Unidos, a discussão envolve não apenas a política externa, mas também impactos internos, já que tarifas mais altas sobre produtos importados tendem a se refletir em custos adicionais para consumidores e empresas.

Cenário permanece instável

A declaração de Trump soma-se a um conjunto amplo de pressões aplicadas pelos Estados Unidos desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022. Mesmo com o reconhecimento de que o limite das sanções está próximo, Washington mantém o discurso de ampliar o isolamento econômico da Rússia e pressionar pela retomada de negociações.

Moscou, por sua vez, insiste que continuará operando independentemente das medidas internacionais e que suas decisões estratégicas não serão modificadas por represálias econômicas. O cenário segue sem sinais de distensionamento, com risco de novas medidas, respostas diplomáticas e debates sobre o impacto das sanções no equilíbrio geopolítico.

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