A operação da Polícia Federal (PF) deflagrada nesta terça-feira (18) revelou um possível esquema de fraude estimado em R$ 12 bilhões envolvendo o Banco Master e instituições associadas. A investigação, que levou à prisão do controlador do banco, Daniel Vorcaro, ganhou destaque no depoimento do diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, durante sessão da CPI do Crime Organizado, no Senado. A ação também atingiu o Banco de Brasília (BRB) e resultou em afastamentos de executivos.
Segundo Rodrigues, a PF apreendeu R$ 1,6 milhão em espécie na residência de um dos investigados. “Essa operação de hoje a fraude é de R$ 12 bilhões. Não sei quanto que vamos conseguir bloquear. Sei que já em dinheiro apreendemos na residência de um investigado R$ 1,6 milhão em dinheiro nessa operação de hoje”, afirmou, de acordo com a CNN Brasil.
Prisão de Daniel Vorcaro e de sócio amplia crise no sistema financeiro
A ofensiva policial prendeu Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, e seu sócio, Augusto Lima. Ambos são suspeitos de participação na emissão de títulos de crédito falsos por instituições integrantes do sistema financeiro nacional. O diretor-geral da PF relatou que acompanhou a operação desde o início da manhã: “Estou desde de 5h e pouco da manhã acordado. Nós estamos fazendo uma operação importante, numa integração inclusive junto com Banco Central, com o Coaf, atuando em conjunto para um crime contra o sistema financeiro”.
A investigação expõe uma nova dimensão da crise que já atravessava o Banco Master, atingido por desconfiança do mercado desde setembro, quando o Banco Central rejeitou a tentativa de compra da instituição pelo Banco de Brasília (BRB). A prisão de seus principais dirigentes adiciona pressão sobre o setor e reforça a percepção de fragilidades no modelo de negócios do banco.
Banco Central decreta liquidação extrajudicial do Master
Poucas horas após a operação, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master e da Master SA Corretora de Câmbio. A decisão ocorreu menos de um dia depois de o Grupo Fictor manifestar interesse em adquirir a instituição, movimento que gerou amplo ceticismo no mercado. A liquidação encerra qualquer tratativa envolvendo a possível venda do banco.
O BC nomeou a EFB Regimes Especiais de Empresas como responsável por conduzir o processo de liquidação, com amplas responsabilidades administrativas e operacionais, incluindo o levantamento de ativos, apuração de passivos, encerramento de contratos e atendimento aos credores conforme a ordem legal.
Operação atinge também o BRB; presidente é afastado
A ação da PF alcançou ainda o Banco de Brasília (BRB). Um mandado de busca e apreensão foi cumprido contra o presidente da instituição, Paulo Henrique Costa, que foi afastado do cargo por determinação judicial. O diretor executivo financeiro do banco, Dario Oswaldo Garcia Junior, também foi afastado por 60 dias, de acordo com comunicado oficial do BRB.
As medidas indicam que a investigação atinge uma rede maior de relações entre o Banco Master e outras instituições financeiras. A PF e o Banco Central atuam de forma integrada, com apoio do Coaf, na apuração de crimes contra o sistema financeiro nacional e emissão de títulos fraudulentos.
Fraude bilionária e foco no combate ao crime organizado
Durante a CPI do Crime Organizado, Rodrigues enfatizou a necessidade de descapitalizar organizações criminosas como estratégia central de combate. “O crime organizado tem que ser enfrentado com descapitalização, tirando poder econômico, e prendendo lideranças, retirando lideranças de circulação”, afirmou.
A fraude estimada em R$ 12 bilhões representa uma das maiores apurações recentes sobre crimes financeiros envolvendo instituições reguladas. Investigações preliminares apontam a emissão de títulos de crédito sem lastro, prática que pode ter afetado investidores e exposto vulnerabilidades do mercado.
CPI tentará ouvir diretor de Inteligência da PF
A sessão da CPI também estava prevista para receber o depoimento de Leandro Almada, diretor de Inteligência Policial da PF, que não compareceu. O presidente da comissão, senador Fabiano Contarato (PT-ES), afirmou que o colegiado insistirá em ouvi-lo em nova data.
A operação desta terça-feira marca mais uma etapa no conjunto de ações voltadas a enfrentar crimes financeiros e desmontar esquemas de grande escala. A PF, o BC e o Coaf devem divulgar novos detalhes à medida que o processo de liquidação avança e que o inquérito evolui.