A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, confirmou nesta quarta-feira (19) que a Alemanha vai investir € 1 bilhão (aproximadamente R$ 6,15 bilhões) no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), mecanismo global de conservação proposto pelo governo brasileiro e apresentado como uma das principais iniciativas da COP30.
O aporte alemão se soma aos compromissos já anunciados por Brasil (US$ 1 bilhão), Noruega (US$ 3 bilhões), Indonésia (US$ 1 bilhão) e França (US$ 500 milhões), fortalecendo a proposta em meio às negociações climáticas.
O TFFF, criado para recompensar países que mantêm suas florestas tropicais preservadas, funciona como um grande fundo de investimento. Em vez de depender de doações, ele opera com uma carteira de renda fixa: os rendimentos obtidos nas aplicações são destinados a países que conservam seus biomas — priorizando Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo.
Segundo Marina, o anúncio alemão reforça o papel do Brasil como articulador global de políticas ambientais em Belém. “O fundo oferece um caminho concreto para valorizar a floresta em pé”, afirmou a ministra.
Como o TFFF funciona
O fundo busca mobilizar cerca de R$ 625 bilhões (US$ 125 bilhões) combinando aportes de países e emissões de títulos no mercado financeiro. A lógica é usar instrumentos de baixo risco para gerar receita e, com ela, pagar anualmente por hectare preservado. As regras incluem destinação mínima de 20% dos recursos a povos indígenas e comunidades tradicionais e proibição de investimentos ligados a combustíveis fósseis.
A ideia central é inverter um problema conhecido: atividades que destroem florestas — como extração de madeira e expansão agrícola — ainda geram mais retorno financeiro imediato do que a conservação. O TFFF tenta mudar esse cálculo ao criar uma renda contínua associada à floresta viva, com pagamentos ajustados conforme o nível de preservação, monitorado por satélites e padrões técnicos internacionais.
O modelo se diferencia de mecanismos como o REDD+ por ir além da lógica de carbono. Em vez de pagar apenas pela redução de emissões, remunera diretamente pela manutenção da floresta em pé, garantindo previsibilidade e fluxo contínuo de recursos, estimado em cerca de US$ 4 por hectare preservado ao ano.
A iniciativa virou uma das principais bandeiras diplomáticas do Brasil na COP30 e vem recebendo apoio crescente de países que buscam novos instrumentos financeiros para acelerar a proteção de florestas tropicais — um elemento crucial para limitar o aquecimento global e preservar a biodiversidade.