Com 9,1 milhões de filiados, taxa de sindicalização cresce pela primeira vez desde 2012

Paulo Pinto/Agência Brasil

São 8,9% dos 101 milhões de pessoas trabalhadoras do País filiadas voluntariamente a sindicatos

Em 2024, a taxa de sindicalização apresentou o primeiro resultado positivo da série histórica, passando de 8,4% (8,3 milhões de pessoas) para 8,9% (9,1 milhões de pessoas). É uma redução de 7,2 pontos percentuais (p.p.) em relação a 2012, o início da série histórica, quando a taxa era de 16,1%. Estas informações foram divulgadas hoje (19) e fazem parte do módulo Características adicionais do mercado de trabalho da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.

Entre os grupamentos de atividades, todos apresentaram aumento nas taxas de sindicalização, com destaque para Administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (15,5%) e Indústria geral (11,4%), ambas com um aumento de 1,1 p.p. Entretanto, Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, que representa a segunda maior proporção de sindicalizados (14,8%), teve perda de 0,2 p.p.

O grupamento de atividades Informação, comunicação e financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas apresentou aumento de 0,8 p.p., chegando a uma taxa de sindicalização de 9,6%. Já o Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, que é responsável por quase um quinto da população ocupada total, registrou taxa de sindicalização de 5,6%, inferior à média observada da população ocupada total (8,9%), após um aumento de 0,5 p.p. em relação a 2023.

Em relação a 2012, todos os grupamentos de atividades apresentaram queda na sindicalização. Em termos de taxa, a maior queda foi no grupo de Transporte, armazenagem e correios, que em 12 anos registrou redução de 12,4 p.p. (de 20,7% em 2012 para 8,3% em 2024), seguido pela indústria geral, que passou de 21,3 para 11,4, uma perda de 9,9 p.p..

“O aumento da taxa de sindicalização na Administração pública e na Indústria é importante, porque também houve aumento de contingente de trabalhadores. É possível que exista um movimento de retomada, já que historicamente são grupos mais organizados em termos de sindicalismo”, explica o analista da pesquisa, William Kratochwill. “Na Agricultura, ao contrário, tem havido uma forte queda no contingente ocupado. A redução de 4,8% na taxa de sindicalização nesse setor pode estar mais associada à redução desse contingente do que a uma redução de sindicalização entre os trabalhadores”.

Destaques

  • Em 2024, dos 101,3 milhões de ocupados do país, 8,9% (9,1 milhões de pessoas) eram associados a sindicatos, interrompendo a sequência de reduções tanto de contingente (desde 2014) quanto de percentual (desde 2016).
  • Na comparação com o ano anterior, houve aumento de 9,8%, ou de 812 mil pessoas no contingente de sindicalizados. Em 2023, eram 8,3 milhões de pessoas ou 8,4% dos ocupados, a menor taxa de sindicalização de toda a série histórica.
  • Em relação a 2012, todos os grupamentos de atividades apresentaram queda na sindicalização. Em termos de taxa, a maior queda foi no grupo de Transporte, armazenagem e correios, que em 12 anos registrou redução de 12,4 p.p. (de 20,7% em 2012 para 8,3% em 2024), seguido pela Indústria geral, que passou de 21,3% para 11,4%, uma perda de 9,9 p.p.
  • Entre os 29,8 milhões de empregadores e trabalhadores por conta própria do país, 10,0 milhões (ou 33,6%) estavam em empreendimentos registrados no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), aumento de 3,5p.p. em relação a 2023 quando havia 9,7 milhões (ou 33,0%).
  • A cobertura no CNPJ, em 2024, entre os trabalhadores por conta própria foi de 25,7%. Já entre empregadores foi de 80,0%.
  • Em 2024, dos 29,8 milhões de pessoas ocupadas como empregador ou trabalhador por conta própria, apenas 4,3% eram associadas à cooperativa de trabalho ou produção, menor percentual da série histórica. Com 8,2% em 2024, a Região Sul registrou os maiores valores, entre todas as grandes regiões, em todo o período.

Cresce sindicalização de empregados com carteira e no setor público

Na análise pela posição na ocupação e categoria do emprego, os empregados no setor público (18,9%) tinham a maior taxa de sindicalização, seguidos pelos trabalhadores com carteira assinada no setor privado (11,2%) e trabalhadores familiares auxiliares (9,9%). Os pesquisadores relacionam o alto percentual dos trabalhadores familiares à concentração dessa categoria no setor agropecuário.

“Com mais pessoas sendo contratadas, agora talvez estejam identificando a necessidade de se organizar um pouco mais. Pode ser que o os sindicatos tenham buscado aumentar seu alcance, retomar sua credibilidade e prestação de serviços. O mercado está se aquecendo”, analisa William.

Por sua vez, as menores coberturas sindicais estavam entre os empregados no setor privado sem carteira assinada (3,8%) e os trabalhadores domésticos (2,6%). “Os sem carteira estão à margem do mercado e os trabalhadores domésticos são uma classe menos organizada, também associados a uma alta taxa de informalidade”, comenta William.

Na comparação com o ano anterior, a taxa de sindicalização aumentou em dois grupos que têm, ao longo da série histórica, maiores percentuais de trabalhadores sindicalizados: os empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada, cuja taxa passou de 10,1% para 11,2%, e dos empregados no setor público (inclusive servidor estatutário e militar), de 18,3% para 18,9%. Esses grupos foram os que registraram as principais perdas nos últimos anos, principalmente a partir de 2017. Para os pesquisadores, isso indica que, independentemente do setor de atividade (público ou privado), a retração da sindicalização atinge todos os segmentos da ocupação.

Sindicalização aumenta em todos os níveis de instrução

A pesquisa também investiga o nível de instrução dos trabalhadores sindicalizados. Do universo de 9,1 milhões de sindicalizados, 37,5%, ou 3,4 milhões, tinham concluído o ensino médio e 37,2% (3,4 milhões) tinham superior completo. A maior taxa de sindicalização era dos ocupados com superior completo (14,2%) e a menor, dos que tinham ensino fundamental completo e médio incompleto (5,7%).

Houve aumento em todos os níveis de instrução na comparação com 2023. Os maiores crescimentos foram registrados entre os trabalhadores que tinham superior completo (de 13,5% para 14,2%) e os com médio completo e superior incompleto (de 7,1% para 7,7. Quando comparada ao início da série histórica, em 2012 (28,3%), a taxa de sindicalização no primeiro grupo caiu 14,1 pontos percentuais, a maior retração entre os grupos analisados.

Sul e Sudeste impulsionam o aumento na taxa nacional

O aumento do percentual de trabalhadores associados a sindicato no Brasil foi impulsionado pelo aumento do percentual nas regiões Sul (9,8%) e Sudeste (9,2%), que apresentaram crescimentos de 0,5 p.p. e 1,3 p.p., respectivamente. As regiões Sul, Norte e Centro-Oeste se destacam na pesquisa por terem o percentual de trabalhadores associados a sindicato reduzidos a menos da metade de 2012 para 2024 (20,3% para 9,8%; 14,8% para 7,0%; e 14,0% para 6,9%, respectivamente).

A Região Nordeste se destaca por ser a única em que o percentual das mulheres sindicalizadas (10,0%) foi superior ao dos homens (8,9%). No país, 9,1% dos homens estavam sindicalizados, 0,6 p.p. a mais que em 2023, quando esse percentual foi de 8,5%. Entre as mulheres, passou de 8,2% para 8,7%, no mesmo período. A diferença do percentual de sindicalizados entre homens e mulheres, que em 2012 foi de 2,0 p.p., passou para 0,4 p.p. em 2024.

Mais sobre a pesquisa

A PNAD Contínua Características Adicionais do Mercado de Trabalho 2024 investiga um conjunto de informações sobre força de trabalho e aborda dados sobre associação a sindicato, associação às cooperativas de trabalho e produção, cobertura de CNPJ entre empregadores e trabalhadores por conta própria e local de exercício do trabalho, com diferenciações por sexo e nível de instrução. Os indicadores são apresentados para o conjunto do país, grandes regiões e unidades da federação. As tabelas estão disponíveis no Sidra. Acesse o material de apoio e a publicação completa para mais informações.

Publicado originalmente pela Agência de Notícias IBGE em 19/11/2025

Por Jana Peters e Marília Loschi – Editoria Estatísticas Sociais

Arte: Claudia Ferreira e Licia Rubinstein

Redação:
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