Deputado do PT pede que PF amplie investigação e apure investimentos de R$ 1 bilhão do RioPrevidência no Banco Master

Foto: Divulgação/Rioprevidência

O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), protocolou na Polícia Federal uma representação em que solicita a ampliação das investigações sobre o Banco Master — instituição cujo proprietário, Daniel Vorcaro, foi preso pela PF sob suspeita de fraudes em títulos de crédito. No documento, ele pede que a corporação apure também as decisões de investimento do RioPrevidência, fundo responsável pelo pagamento de aposentadorias e pensões de mais de 235 mil servidores do Estado do Rio de Janeiro. A representação indica que, nos últimos meses, o Banco Master recebeu mais de R$ 1 bilhão em aportes do fundo, apesar de alertas feitos pelo Tribunal de Contas do Estado sobre riscos e falta de respaldo técnico para tais operações.

O parlamentar cita reportagens que revelaram a concentração dos investimentos do fundo no banco de Vorcaro, mesmo quando a instituição já enfrentava sinais de crise. O TCE-RJ chegou a classificar a decisão como uma “integral assunção de risco”, afirmando que os investimentos teriam rendido menos do que a poupança, o que reforça suspeitas sobre a ausência de análise técnica e a possível violação da política de investimentos vigente. Para Lindbergh, esses elementos indicam que a conduta de gestores pode ter ultrapassado o campo administrativo e ingressado na esfera penal.

A representação aponta ainda que as suspeitas levantadas pela PF — manipulação de títulos de crédito, emissão fraudulenta de lastros e simulação de liquidez — podem ser apenas a etapa inicial de um esquema mais amplo que teria alcançado fundos públicos. Lindbergh afirma que há indícios de crimes previstos na Lei dos Crimes contra o Sistema Financeiro, como gestão fraudulenta, manipulação de demonstrações financeiras e investimentos temerários. O texto menciona também a possibilidade de ocorrência de peculato, corrupção ativa e passiva, concussão, lavagem de dinheiro e até formação de organização criminosa, caso fique comprovado que agentes públicos ignoraram deliberadamente alertas de risco ou atuaram em favorecimento do banco.

Segundo o documento, a centralização de valores tão altos em uma única instituição viola princípios básicos de governança e diversificação estabelecidos por normas federais. A desconsideração dos alertas do TCE-RJ, somada às suspeitas envolvendo o Master, exigiria, segundo o deputado, o aprofundamento das apurações para identificar os responsáveis pelas decisões, suas motivações e eventuais contrapartidas ilícitas. Ele argumenta que, dada a natureza dos recursos do RioPrevidência, qualquer operação que coloque em risco a solvência do fundo tem relevância constitucional e penal elevada.

No pedido à PF, Lindbergh solicita a inclusão formal dos aportes do RioPrevidência no Banco Master no escopo da investigação, além da requisição de relatórios, pareceres, política de investimentos, movimentações financeiras e identificação de todos os responsáveis pelas operações. Ele também pede a oitiva do governador do Estado, de ex-presidentes e diretores do fundo, conselheiros e representantes do banco, e não descarta a necessidade de um inquérito autônomo voltado exclusivamente às irregularidades previdenciárias. A representação determina ainda que o Ministério Público Federal seja comunicado para acompanhar o caso.

A Polícia Federal ainda não se pronunciou sobre o pedido de ampliação da investigação, que agora envolve não apenas as suspeitas de fraude no Banco Master, mas também o possível uso irregular de recursos previdenciários do Estado do Rio de Janeiro.

Lucas Allabi: Jornalista em formação pela PUC-SP e apaixonado pelo Sul Global. Escreve principalmente sobre política e economia. Instagram: @lu.allab
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