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Prisão de Vorcaro aterroriza mundo político por risco de delação

O avanço das investigações sobre o Banco Master e a prisão do banqueiro Daniel Vorcaro acenderam um alerta no meio político e financeiro de Brasília. Segundo reportagem de Alvaro Gribel, do Estado de S. Paulo, Vorcaro vinha dizendo a interlocutores que revelaria “toda a história” do Master caso o negócio de venda da instituição fosse […]

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O avanço das investigações sobre o Banco Master e a prisão do banqueiro Daniel Vorcaro acenderam um alerta no meio político e financeiro de Brasília. Segundo reportagem de Alvaro Gribel, do Estado de S. Paulo, Vorcaro vinha dizendo a interlocutores que revelaria “toda a história” do Master caso o negócio de venda da instituição fosse aprovado ou recusado. Agora, após ser detido ao tentar fugir do país em um jatinho particular, cresce a especulação sobre uma possível delação premiada capaz de atingir figuras influentes do poder.

A crise ganhou novas dimensões após o Banco Central (BC) decretar a liquidação extrajudicial do Banco Master e a Polícia Federal (PF) apontar a existência de R$ 12,2 bilhões em ativos podres — carteiras de crédito que, segundo as investigações, não tinham valor real. O episódio pressiona autoridades políticas e reguladores e mantém o caso no centro da agenda nacional.

Anúncio da venda para o Grupo Fictor indicava antecipação da crise

O anúncio de venda do Master para a holding Fictor, divulgado às pressas na noite de segunda-feira (17), revelou que Vorcaro já considerava iminente tanto a liquidação quanto sua própria prisão. A operação proposta, porém, foi recebida com descrédito no mercado: a Fictor é uma empresa praticamente desconhecida e nunca havia conduzido operações de grande porte no sistema financeiro.

De acordo com o Estado, um dos pontos que chamou a atenção do Banco Central foi o fato de a suposta transação ter sido comunicada à imprensa antes de qualquer diálogo com o órgão regulador — responsável por avaliar e autorizar operações desse tipo. Para analistas, o anúncio funcionou como tentativa de ganhar tempo diante do agravamento da situação da instituição.

Com a revelação dos ativos sem valor, o comunicado se tornou irrelevante: o BC decretou a liquidação do Master e, em paralelo, a PF pediu — com autorização da Justiça — a prisão de Vorcaro.

O papel do BRB e os pontos obscuros da compra de créditos

Outro foco sensível da investigação envolve o Banco de Brasília (BRB). Seu presidente, Paulo Henrique Costa, foi afastado por determinação judicial, embora seu pedido de prisão tenha sido negado. A investigação busca esclarecer como o BRB adquiriu aproximadamente R$ 12 bilhões em créditos do Master, parte deles com datas e registros considerados suspeitos.

Costa afirmou ao Estado que diligências internas teriam comprovado a solidez dos ativos, incluindo carteiras de crédito consignado — modalidade que o BC agora indica não ter valor. Tradicionalmente, o consignado é considerado um ativo de baixo risco, especialmente quando vinculado a servidores públicos, que possuem estabilidade e alto índice de adimplência.

A PF quer entender como créditos tidos como seguros foram comercializados em valores bilionários e, posteriormente, classificados como ativos sem lastro. A compra, autorizada pelo BRB, tornou-se alvo de questionamentos sobre possíveis adulterações, omissões de informação e falhas graves nos mecanismos de controle interno.

Possibilidade de delação preocupa Brasília

Com a prisão decretada e o agravamento do escândalo, cresce no meio político a especulação sobre a possibilidade de Vorcaro firmar um acordo de colaboração. O banqueiro reiterava a interlocutores que poderia “contar tudo” caso o processo de venda do Master fosse frustrado — algo que agora se tornou concreto.

A amplitude das investigações, que já atingem dirigentes do Master, executivos do BRB e movimentações de fundos bilionários, aumenta a tensão em Brasília. A perspectiva de depoimentos que detalhem contatos, negociações políticas e eventuais favorecimentos coloca o caso entre os mais sensíveis do cenário atual.

Parlamentares, assessores e dirigentes de órgãos públicos observam com apreensão os próximos passos da PF, do Ministério Público e do Banco Central. A delação de um banqueiro com trânsito entre políticos de diferentes correntes, presença em eventos de alto nível e participação em operações bilionárias poderia ter repercussões significativas.

Ativos podres e documentos suspeitos intensificam o caso

A PF afirma que o Master mantinha carteiras inteiras compostas por ativos sem lastro, classificados como R$ 12,2 bilhões em créditos fictícios ou de valor irrecuperável. A investigação também localizou documentos com datas aparentemente adulteradas, o que reforça a hipótese de manipulação intencional para encobrir prejuízos ou inflar artificialmente o patrimônio declarado.

O BC, por sua vez, concluiu que a instituição não atendia aos requisitos mínimos de segurança e solidez financeira. A liquidação extrajudicial afastou imediatamente a diretoria e transferiu o controle para o liquidante nomeado pela autoridade monetária.

Tensão deve aumentar com avanço das investigações

Com a queda do banco, a prisão de seu controlador e o foco em operações bilionárias suspeitas, o caso Master se transforma em um dos maiores escândalos financeiros recentes. A possibilidade de delação coloca pressão adicional sobre políticos, órgãos reguladores e instituições que mantinham relações com o grupo.

A expectativa no mundo político é que os próximos depoimentos indiquem a direção que a investigação deve tomar — e quem poderá ser atingido caso Vorcaro decida colaborar.

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Comentários

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Amigo da Onça

20/11/2025 - 13h03

É óbvio que por pressão do mundo político. O tanto que se esbaldou às custas disso tudo… Só aconteceu porque a pressão dos grandes bancos foi maior, pois incomodados com o Master ficando com o filé (o lucro alto e facil) e deixando o osso pra eles (bancar a maior parte do FGC e, com isso, o prejuízo em caso de quebra). Tava na cara que uma hora o BC ia ceder e parar com a brincadeira… Já vinha tentando na verdade: chegou a rolar um “tapa na mesa” no final da gestão Campos Neto, mas a resposta foi apelar praquela negociata com o BRB, o que acendeu o sinal amarelo. Daí veio essa última jogada com o tal Fictor, e a casa caiu de vez…

Stalingrado

20/11/2025 - 09h09

Qual a razão para o BC demorar tanto para agir?


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