A aprovação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, caiu para 38%, o nível mais baixo desde sua volta ao poder, em meio ao descontentamento dos americanos com o alto custo de vida e com sua postura diante da investigação sobre o caso Jeffrey Epstein. Os dados são de uma pesquisa Reuters/Ipsos concluída na segunda-feira (17).
O levantamento, realizado ao longo de quatro dias, ocorre em um momento em que a influência de Trump sobre o Partido Republicano começa a mostrar sinais de desgaste. Nesta terça-feira, a Câmara dos Representantes — controlada pelos republicanos — aprovou uma medida que obriga a divulgação dos documentos do Departamento de Justiça relacionados a Epstein. Trump havia resistido à liberação dos arquivos por meses, enfrentando até críticas de uma de suas aliadas mais fiéis, a deputada Marjorie Taylor Greene. No domingo, porém, o presidente recuou, diante da iminência de uma votação sem seu apoio.
A queda de dois pontos percentuais desde o último levantamento, realizado no início de novembro, coloca Trump próximo dos níveis mais baixos de aprovação de seu primeiro mandato — quando chegou a 33% — e próximos também das piores marcas de seu antecessor democrata, Joe Biden, cuja aprovação chegou a 35%.
O novo cenário revela um desgaste raro dentro da própria base conservadora: a aprovação de Trump entre eleitores republicanos caiu de 87% para 82% em apenas duas semanas.
Trump tem sobrevivido a uma sucessão de crises políticas, incluindo múltiplas ações judiciais derivadas de sua tentativa de reverter a derrota eleitoral de 2020. Apesar disso, seu apoio entre conservadores sempre se manteve alto, mas o impacto econômico da inflação persistente tem sido mais difícil de contornar.
De acordo com o levantamento, apenas 26% dos americanos aprovam a forma como Trump está lidando com o custo de vida, uma queda em relação aos 29% de início do mês. Os preços ao consumidor continuam avançando em ritmo alto desde sua posse, mesmo com sinais de desaceleração no mercado de trabalho. Dos entrevistados, 65% reprovam sua atuação no tema.
“É tudo sobre os preços”, resumiu o estrategista republicano Doug Heye. “As pessoas ficam furiosas quando vão ao supermercado e veem o quanto estão gastando.”
A principal aposta econômica de Trump tem sido o aumento de tarifas sobre produtos importados, medida que ele defende como forma de fortalecer a indústria americana. Mas muitos economistas afirmam que essa política tem elevado ainda mais os preços. Em meio às críticas, o presidente reduziu recentemente tarifas sobre itens como café, carne bovina e bananas.
Reação eleitoral e caso Epstein
Com as eleições legislativas de meio de mandato marcadas para o ano que vem, a queda na popularidade de Trump aumenta os riscos para o Partido Republicano. Ainda assim, a pesquisa indica que muitos eleitores continuam vendo os republicanos como mais competentes na gestão da economia.
Para o estrategista independente Mike Ongstad, que já pertenceu ao Partido Republicano, o momento é crítico: “Estamos vendo o maior teste da presidência de Trump no que diz respeito ao controle que ele exerce sobre seu próprio partido.”
A crise envolvendo os arquivos de Jeffrey Epstein, porém, tem se mostrado ainda mais delicada. Apenas 20% dos entrevistados aprovam a forma como o presidente lidou com o tema, incluindo apenas 44% de republicanos. Entre todos os participantes da pesquisa, 70% acreditam que o governo esconde informações sobre os clientes do financista condenado, que morreu sob custódia federal em 2019. Entre republicanos, 60% compartilham dessa visão; entre democratas, o índice chega a 87%.
A pesquisa on-line entrevistou 1.017 adultos nos Estados Unidos e tem margem de erro de aproximadamente 3 pontos percentuais.