Donald Trump pisou no acelerador em seus planos para pôr fim à guerra entre Rússia e Ucrânia.
Essa movimentação foi detalhada em uma reportagem do Financial Times, assinada por Henry Foy, Christopher Miller e Laura Pitel. Segundo a publicação, o ex-presidente americano negocia um acordo diretamente com Vladimir Putin. O plano envolve o uso de 100 bilhões de dólares em ativos russos, congelados em Bruxelas, para investimentos que beneficiem empresas americanas e os próprios interesses de Trump, frustrando as intenções europeias de se apropriar dos recursos.
Com isso, as romarias de súplica e vassalagem das lideranças europeias devem se intensificar. A cúpula do G20, que acontece neste fim de semana, dias 22 e 23 de novembro, em Joanesburgo, na África do Sul, seria o palco ideal para esses encontros. O presidente Lula, inclusive, já desembarcou na cidade para o evento. No entanto, em uma reviravolta, Donald Trump anunciou que boicotará a cúpula e não comparecerá, frustrando os planos de uma negociação direta em solo africano.
Trump, por sua vez, quer encerrar o conflito antes do Dia de Ação de Graças, transformando a pacificação em um grande ato político para seu eleitorado.
Para o mundo, seria uma ótima notícia. A Ucrânia cederia territórios que já estão sob controle russo há muito tempo, e que são, importante ressaltar, habitados por uma população de fala russa. Foi justamente ali que o problema começou, quando o governo ucraniano, após um golpe de estado patrocinado pelos EUA, passou a reprimir a cultura e a língua russa, somando-se à ameaça de expansão da OTAN, que rompia antigas promessas feitas por Washington a Moscou.
O fim da guerra, no entanto, não seria uma boa notícia para as lideranças europeias. E, no Brasil, será curioso observar a reação de líderes bolsonaristas que, após adotarem um discurso anti-Rússia para agradar Trump, agora veem seu ídolo virar a chave em uma direção pró-Rússia.
O acordo proposto visa remover todas as sanções internacionais contra Moscou, permitindo seu retorno ao mercado. Seria mais um tapa na cara dos europeus, que viram o gasoduto Nord Stream ser destruído, foram forçados a comprar gás liquefeito americano a preços mais altos, e agora assistirão aos EUA fazendo negócios e comprando petróleo de seu vizinho.
Sim, vizinho. Porque, como muitos parecem esquecer, a Rússia e os Estados Unidos são separados por uma curta distância no Estreito de Bering, onde o Alasca quase toca o território russo.
A reportagem do Financial Times também revela que, em reação ao plano americano, os líderes da França, Alemanha e Reino Unido, em declaração conjunta com Zelenskyy, defenderam que a “linha de frente” atual — ou seja, as posições militares exatas onde os exércitos estão agora — deveria ser o ponto de partida para qualquer negociação. Na prática, isso significa que a Europa não aceita um acordo que force a Ucrânia a ceder mais territórios além dos que já estão sob ocupação russa, deixando claro o pânico e a divergência com a proposta de Trump.