Mamdani enfrenta Trump no Salão Oval

Zohran Mamdani, prefeito eleito de NYC, econtra-se com Trump nesta sexta-feira 21 de nov

O presidente Donald Trump recebe nesta sexta-feira, 21 de novembro de 2025, às 15h (EST) — 17h no horário de Brasília — o prefeito eleito de Nova York, Zohran Mamdani, em um encontro no Salão Oval que simboliza um desequilíbrio de forças evidente na política americana. Apesar da vitória expressiva nas urnas, Mamdani chega a Washington sob o peso de ameaças públicas de retaliação federal. Trump, que controla verbas, programas e meios de coerção institucional, tem condições de afetar diretamente o futuro da maior cidade do país.

Desde a eleição de Mamdani, o presidente tem ventilado cortes de repasses federais e até a possibilidade de enviar a Guarda Nacional para patrulhar Nova York. Seu czar de imigração, Tom Homan, voltou a mencionar operações ampliadas do ICE, com risco de deportações em massa que colocariam a nova administração em choque imediato com a Casa Branca. Aliados de Trump no Congresso pedem até que a cidadania do prefeito eleito, nascido em Uganda, seja revista.

A reunião desta tarde carrega importância estratégica para ambos. Para Trump, é uma chance de reafirmar controle político sobre grandes cidades administradas por democratas. Para Mamdani, trata-se de um primeiro teste crítico: ele precisa evitar punições à cidade sem aparentar submissão diante de uma base progressista que rejeita qualquer aproximação com o presidente. A tensão é amplificada pelo fato de Trump ter interferido diretamente no processo eleitoral nova-iorquino ao longo do ano.

Democratas e líderes empresariais observam de perto a capacidade do prefeito eleito de negociar com um presidente imprevisível. Há receio de que projetos essenciais — como o túnel Gateway, a expansão da linha Second Avenue e a reforma de Penn Station — sejam usados como moeda de pressão. Republicanos de Nova York já pediram a Trump que intervenha se considerarem a futura administração fiscalmente irresponsável.

O próprio Trump tem provocado Mamdani publicamente. Em um post recente na Truth Social, citou o nome do meio do prefeito eleito entre aspas e o rotulou de “comunista”. A postura sugere que o encontro de hoje dificilmente será cordial. Ainda assim, assessores da Casa Branca afirmam que o presidente está disposto a ouvir, ainda que não espere concordar com o visitante.

Mamdani tenta manter o foco na agenda que o elegeu: tornar Nova York mais acessível. Ele afirma que discutirá com Trump medidas que beneficiem os nova-iorquinos, e que se oporá imediatamente ao que considerar prejudicial. Ao ser questionado sobre ações do ICE, voltou a relacionar sua bandeira de “acessibilidade” à defesa dos moradores contra abusos de preços e contra operações migratórias que afetem comunidades vulneráveis.

Os dois representam visões opostas da cidade. Trump encarna a tradição empresarial dos anos 1980, marcada por grandes projetos e pelo ethos do mercado imobiliário agressivo. Mamdani simboliza a Nova York multicultural e financeiramente pressionada que impulsionou sua campanha.

Líderes do setor privado acreditam que Trump não travará grandes obras, dado seu interesse direto na prosperidade da cidade. Mas reconhecem que ele tende a usar o encontro para marcar território e deixar claras suas prioridades. A reunião desta sexta-feira, portanto, inaugura uma relação tensa, decisiva e com impacto direto sobre milhões de nova-iorquinos.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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