O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou nesta sexta-feira (21/11) que a Ucrânia apresentará “alternativas” ao plano de paz proposto pelo governo Trump. “Apresentarei argumentos, tentarei persuadir e vou propor alternativas”, declarou Zelensky em discurso à nação, feito em frente ao palácio presidencial em Kiev. Relembrando a resistência ucraniana à invasão russa em fevereiro de 2022, ele disse: “Não traímos a Ucrânia naquela época e não a trairemos agora.”
Durante sua fala de dez minutos, Zelensky alertou que o país pode enfrentar uma “escolha muito difícil: perder sua dignidade, ou correr o risco de perder um parceiro fundamental”, numa referência aos Estados Unidos, que estariam pressionando Kiev a aceitar um plano para encerrar a guerra com a Rússia. Ele também afirmou que “hoje é um dos momentos mais difíceis da nossa história”. Segundo o presidente, a próxima semana trará “muita pressão… para nos enfraquecer, para nos dividir”, destacando ainda que “o inimigo não está dormindo”. O presidente ainda pediu união aos ucranianos diante das circunstâncias e afirmou que “o interesse nacional da Ucrânia deve ser levado em consideração”, acrescentando que “não faremos declarações bombásticas; trabalharemos calmamente com os Estados Unidos e todos os nossos parceiros”.
“Teremos uma busca construtiva por soluções com nosso principal parceiro”, disse Zelensky, ao mencionar os EUA. Ele tem mantido conversas com o vice-presidente norte-americano, J.D. Vance, conforme confirmado pela CBS News. De acordo com a produtora Kristin Brown, da CBS na Casa Branca, “Vance e Zelensky conversaram hoje sobre a proposta de plano de paz”.
Em entrevista à Fox Radio, também nesta sexta-feira, Donald Trump afirmou que a Ucrânia perderá mais território “em pouco tempo”. A Casa Branca considera que quinta-feira (27/11), feriado de Ação de Graças, é “uma data apropriada” para a assinatura do acordo, embora Trump tenha indicado que os prazos podem ser estendidos se as negociações “correrem bem”. Questionado sobre preocupações envolvendo uma possível ameaça russa ao Báltico ou outras áreas da Europa no futuro, Trump respondeu que “eles [a Rússia] serão detidos”, afirmando ainda: “Eles não estão buscando mais guerras. Eles estão sendo punidos.”
A minuta do plano de paz, divulgada por um político da oposição ucraniana e confirmada por um funcionário da Casa Branca, contém 28 pontos. O documento prevê cessar-fogo imediato após a concordância das partes, cessão de territórios não ocupados pela Ucrânia e reconhecimento, pelos EUA, do controle russo sobre Crimeia, Donetsk e Luhansk. O país também renunciaria à entrada na OTAN, embora a possibilidade de integrar a União Europeia permaneça aberta. Outro ponto estabelece limite militar de 600 mil militares para Kiev.
O plano inclui ainda uma garantia dos EUA de que, caso a Rússia volte a invadir a Ucrânia, haveria uma “resposta militar coordenada e decisiva”, além da reinstalação de sanções contra Moscou. Também prevê que eleições ucranianas ocorram em até 100 dias e oferece um programa de recuperação econômica financiado, em parte, por cerca de US$ 100 bilhões em ativos russos congelados que seriam investidos na reconstrução do país, enquanto Moscou iniciaria negociações para aliviar as sanções impostas desde o início da guerra.