Moraes cita violação de tornozeleira e risco de fuga ao decretar prisão preventiva de Bolsonaro

Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O ministro Alexandre de Moraes afirmou, na decisão que decretou a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, que o Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal alertou o STF sobre a ocorrência de “violação do equipamento de monitoramento eletrônico” usado pelo ex-presidente.

A possível ruptura da tornozeleira teria se dado, segundo Moraes, no início da madrugada deste sábado, “às 0h08min do dia 22/11/2025”.

“A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”, diz o texto.

No documento, também são listados como motivos para a prisão as repetidas tentativas de fuga de Jair Bolsonaro: “A repetição do modus operandi da convocação de apoiadores, com o objetivo de causar tumulto para a efetivação de interesses pessoais criminosos; a possibilidade de tentativa de fuga para alguma das embaixadas próxima à residência do réu; e a reiterada conduta de evasão do território nacional praticada por corréu, aliada política e familiar evidenciam o elevado risco de fuga de JAIR MESSIAS BOLSONARO”.

O ministro também destaca na ordem o fato de Bolsonaro ter sido condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar a trama golpista. A proximidade do início do cumprimento de pena favoreceria o movimento de vigília e uma eventual fuga.

“No caso de JAIR MESSIAS BOLSONARO, a sua recente condenação nos autos da AP 2.668/DF e a proximidade do trânsito em julgado do acórdão condenatório, bem como as novas informações trazidas aos autos no sentido da convocação de apoiadores para uma “vigília” no condomínio residencial do réu, indicam alta possibilidade de tentativa de fuga, o que, nos termos da pacífica jurisprudência desta SUPREMA CORTE, autoriza a decretação da prisão preventiva”, escreveu Moraes.

O ex-presidente foi preso na manhã deste sábado, a pedido da Polícia Federal, diante do risco de fuga e pela garantia da ordem pública, após Flávio Bolsonaro ter convocado uma vigília para a portaria do condomínio onde o pai dele estava preso. Bolsonaro foi levado para a superintendência da Polícia Federal em Brasília.

Ao citar o eventual plano de fuga de Bolsonaro, Moraes destaca que outros aliados do ex-presidente já fugiram do país: “Não bastassem os gravíssimos indícios da eventual tentativa de fuga do réu JAIR MESSIAS BOLSONARO acima mencionados, é importante destacar que o corréu ALEXANDRE RAMAGEM RODRIGUES, a sua aliada política CARLA ZAMBELLI, ambos condenados por esta SUPREMA CORTE; e o filho do réu, EDUARDO NANTES BOLSONARO, denunciado pela Procuradoria-Geral da República no SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, também se valeram da estratégia de evasão do território nacional, com objetivo de se furtar à aplicação da lei penal”.

“Especificamente no caso de CARLA ZAMBELLI e EDUARDO BOLSONARO NANTES BOLSONARO, a fuga, além da tentativa de impedir a aplicação da lei penal, também teve como propósito a continuidade do comentimento dos crimes de coação no curso do processo (art. 344 do Código Penal), obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa (art. 2º, § 1 º, da Lei 12.850/13) e abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do Código Penal)”, segue a decisão.

Lucas Allabi: Jornalista em formação pela PUC-SP e apaixonado pelo Sul Global. Escreve principalmente sobre política e economia. Instagram: @lu.allab
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